Como devo proceder para montar um grupo de gestante?

| 24 junho 2009 | ID: sofs-609
Solicitante:
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DeCS/MeSH: , ,
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Recorte Temático:

Ao se planejar um grupo alguns aspectos importantes devem ser observados. Primeiro procede-se à identificação da problemática e viabilidade grupal (possibilidade de realização e obtenção de resultados).
A organização e infra-estrutura devem prever:

O tamanho do grupo deve considerar que o número de participantes permita que todos se manifestem e se sintam assistidos. O coordenador deve se sentir confortável com o número de pessoas e sentir que as necessidades principais dos participantes estão sendo atendidas. O seu tamanho não pode exceder o limite que ponha em risco a comunicação visual e auditiva.
A estruturação do tempo inclui a duração e freqüência dos encontros, bem como o uso de grupos fechados ou abertos. A duração ótima está entre 60 a 120 minutos, mas há aqueles que utilizam menos tempo. Quanto à freqüência, há grupos que se reúnem uma vez por semana. Tanto a duração como a freqüência dos encontros vai depender das restrições clínicas e objetivos terapêuticos do grupo em questão.
As vantagens da realização de grupos consistem em facilitar a construção coletiva de conhecimento e a reflexão acerca da realidade vivenciada pelos seus membros, possibilitar a quebra da relação vertical (profissional-paciente) e facilitar a expressão das necessidades, expectativas, angústias.
O modelo de reuniões em grupos de gestantes com a participação dos casais para esclarecer dúvidas, tranqüilizar os temores e orientar sobre as modificações fisiológicas da gravidez, sobre o processo da parturição e sobre os cuidados com o recém-nascido tem sido uma forma adequada de auxiliar na promoção da compreensão da gestante e de sua família. A dinâmica de grupo favorece a troca de experiências e ajuda a desfazer o ciclo de ansiedades e temor. Na gestação, a mulher está muito motivada e preocupada com o bebê, buscando os melhores cuidados para assegurar o nascimento saudável.
Orientações sobre amamentação quando estimuladas e bem orientadas podem aumentar a incidência de amamentação e prolongar o período de aleitamento natural. Não haverá limitação para os exercícios físicos, mas a paciente deverá ser orientada a realizá-los com moderação e a evitar situações que coloquem em risco a gestação.
Quanto a nutrição podem receber orientações de promoção da alimentação saudável (enfoque na prevenção dos distúrbios nutricionais e das doenças associadas à alimentação e nutrição – baixo peso, sobrepeso, obesidade, hipertensão e diabetes; e suplementação de ferro, ácido fólico e vitamina A);
Orientações sobre a atividade sexual, incluindo prevenção das DST/AIDS e aconselhamento para o teste anti-HIV.
Devem ser orientadas para os sinais de alerta e o que fazer nessas situações (sangramento vaginal, dor de cabeça, transtornos visuais, dor abdominal, febre, perdas vaginais, dificuldade respiratória e cansaço);
Outro aspecto importante de se trabalhar com gestante e seus companheiros é estimulá-los a parar de fumar, uma revisão sistemática de 40 ensaios clínicos randomizados com 9.080 mulheres mostrou que programas antifumo desenvolvidos na gravidez aumentam a chance de a mulher parar de fumar. É necessário tratar 15 mulheres para que uma pare de fumar. Observou-se, em sete estudos, uma redução da incidência de baixo peso ao nascer, sendo necessário tratar 66 mulheres para evitar um caso de recém-nascido de baixo peso. Estudo com Grau de Evidência A.
O trabalho de grupos em Atenção Primária é uma alternativa para as práticas assistenciais. Estes espaços favorecem o aprimoramento de todos os envolvidos, não apenas no aspecto pessoal como também no profissional, por meio da valorização dos diversos saberes e da possibilidade de intervir criativamente no processo de saúde-doença de cada pessoa.

 


Bibliografia Selecionada:

  1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Pré-natal e puerpério: atenção qualificada e humanizada – manual técnico [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2005 [citado 2009 Jun 30]. (Série A. Normas e Manuais Técnicos (Série Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos – Caderno nº 5). Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno5_saude_mulher.pdf
  2. Duncan BB, Schmidt MI, Giugliani ERJ. Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências. 3a ed. Porto Alegre: Artmed; 2004.