Como proceder em casos de efeito adverso medicamentoso no tratamento da hanseníase?

| 24 outubro 2016 | ID: sofs-35588
Solicitante:
CIAP2: ,
DeCS/MeSH:
Graus da Evidência:
Recorte Temático:

Todo paciente em tratamento para hanseníase, com suspeita de efeitos colaterais indesejáveis causados pela medicação, deve ser avaliado na Unidade Básica de Saúde (UBS) para definição da conduta terapêutica a ser tomada, garantindo a integralidade da assistência e evitando o abandono do tratamento. (1)
A PQT (poliquimioterapia) é notavelmente segura e os efeitos adversos graves são muito raros. (2). Alguns efeitos adversos pouco graves podem ser resolvidos com orientações ao paciente na própria UBS, tais como (2,3):
– Urina vermelha: causada habitualmente pela Rifampicina. Deve-se assegurar ao paciente que é uma reação normal, e poderá permanecer durante algum tempo até depois de terminar o medicamento.
– Pigmentação marrom da pele: causada habitualmente pela Clofazimina. Informar ao paciente que é uma reação normal, e desaparecerá dentro de alguns meses depois de acabar o tratamento.
– Irritação gastrointestinal (náuseas e/ou vômitos): pode ser causada pelas três drogas. A orientação para diminuir o desconforto é ingerir os medicamentos juntamente com alimento.
– Alergia: como qualquer outro tipo de medicamento, pode ocorrer com o uso de qualquer das três drogas. O sinal mais comum é o forte prurido, manchas vermelhas/escuras na pele. Nestes casos, deve-se orientar ao paciente para parar de tomar os medicamentos e encaminhá-lo para avaliação na UBS.
– Anemia: causada habitualmente pela Dapsona. Deve-se administrar ferro e ácido fólico.

Já as reações adversas graves (reações alérgicas, hepatites, insuficiência renal, entre outras) são problemas complexos e devem ser tratadas com esquemas terapêuticos substitutivos indicados por especialistas focais dos serviços de saúde de maior complexidade. (2,4,5)


ATRIBUTOS APS
Todo esforço deve ser feito para garantir que o paciente recém-diagnosticado com hanseníase complete seu tratamento conforme prescrito.(2) As reações adversas medicamentosas favorecem o abandono do tratamento, logo nenhum sintoma deve ser negligenciado e aqueles pacientes com suspeita de efeito colateral devem ter assegurado acesso irrestrito à UBS.

EDUCAÇÃO PERMANENTE
Em virtude de não existir proteção específica para a hanseníase, as ações a serem desenvolvidas para a redução da carga da doença incluem, entre outras, atividades de educação em saúde.(1) Educação em saúde é dirigida às equipes de saúde, aos casos suspeitos e doentes, aos contatos de casos índices, aos líderes da comunidade e ao público em geral. Visa prioritariamente: incentivar a demanda espontânea de doentes e contatos nos serviços de saúde para exame dermatoneurológico; eliminar falsos conceitos relativos à hanseníase; informar quanto aos sinais e sintomas da doença, importância do tratamento oportuno; adoção de medidas de prevenção de incapacidades; estimular a regularidade do tratamento do doente e a realização do exame de contatos; informar os locais de tratamento; além de orientar o paciente quanto às medidas de autocuidado.(1)

SOF relacionadas:

  1. Qual o papel do agente comunitário de saúde no combate a hanseníase
  2. Qual a abordagem inicial para quadros de reações hansênicas

 

Bibliografia Selecionada:

  1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Diretrizes para vigilância, atenção e eliminação da Hanseníase como problema de saúde pública : manual técnico-operacional [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. – Brasília : Ministério da Saúde, 2016. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2016/fevereiro/04/diretrizes-eliminacao-hanseniase-4fev16-web.pdf
  2. Estratégia global aprimorada para redução adicional da carga da hanseníase: 2011-2015 : diretrizes operacionais (atualizadas). / Organização Mundial da Saúde. Brasília : Organização Pan-Americana da Saúde, 2010. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estrategia_global_aprimorada_reducao_hanseniase.pdf
  3. Organização Mundial da Saúde. Guia para Eliminação da Hanseníase como Problema de Saúde Pública. 1ª ed. 2000. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/brazil_guide.pdf
  4. Joel Carlos Lastória, Marilda Aparecida Milanez Morgado de Abreu. Hanseníase: diagnóstico e tratamento. Diagn Tratamento. 2012;17(4):173-9. Universidade Estadual Paulista, Botucatu, Hospital Regional e Universidade do Oeste Paulista, Presidente Prudente. Disponível em: http://files.bvs.br/upload/S/1413-9979/2012/v17n4/a3329.pdf
  5. Site Portal Saúde. SVS. Hanseníase. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/hanseniase