É possível a contaminação pela esquistossomose por via oral?Por exemplo, ingerindo verduras molhadas com água contaminada ?

| 28 fevereiro 2018 | ID: sofs-37286
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,
Recorte Temático:

Sim, apesar de ser bem mais frequente o contágio através da pele de pés e pernas, é possível que a contaminação ocorre por penetração da cercária via mucosa intestinal, mais provável pela mucosa oral e com mais remota possibilidade no estômago, pois não sobreviveriam à ação do suco gástrico.


Resumindo, quanto mais alta a porção da mucosa intestinal a partir da cavidade oral, que as cercárias tiverem contato, maior a possibilidade de penetrarem na corrente sanguínea e completar seu ciclo de vida.(1)
O período de vida das cercárias é de aproximadamente dois dias (encontramos autores que falam em 3 dias), porém sua infectividade diminui progressivamente durante o tempo em que permanecem livres, a partir do momento da eliminação.(1)
Complemento: A forma infectante larvária que sai do caramujo tem o nome de cercária. O horário no qual as cercárias são vistas em maior quantidade na água e com maior atividade ocorre entre 10 e 16h, justamente no momento em que a luz solar e o calor são mais intensos. As cercárias penetram no homem (hospedeiro definitivo) por meio da pele e/ou mucosas e, mais freqüentemente, pelos pés e pernas, por serem áreas do corpo que ficam em maior contato com águas contaminadas. Após atravessarem a pele ou mucosa, as cercárias perdem a cauda e se transformam em esquistossômulos.(1)
A esquistossomose é uma doença de veiculação hídrica e cuja transmissão ocorre quando o indivíduo suscetível entra em contato com águas onde existem cercárias livres.(1)
Este contato é mais comum com água doce em áreas endêmicas (especialmente água doce de fluxo moderado). O risco de infecção aumenta com o tempo de exposição (até 30 minutos).
● Os locais de contato podem incluir lagos, lagoas, córregos e canais de irrigação ou drenagem
● as atividades associadas à infecção podem incluir:
○ natação
○ tomando banho
○ lavando roupas
○ pescaria
○ agricultura
O mecanismo de transmissão da esquistossomose é bem complexo e como há diversos fatores condicionantes, o controle da doença depende de medidas preventivas como diagnóstico precoce e tratamento oportuno; vigilância e controle dos hospedeiros intermediários; educação em saúde; saneamento básico.(2)
As ações devem ocorrer de forma integrada como parte de um programa regular de controle e o controle permanente depende da efetiva implantação de políticas públicas que melhorem as condições de vida das populações.(1,2)

Atributos da APS
Integralidade do cuidado: O controle duradouro e sustentável da esquistossomose depende da implementação de políticas públicas que melhorem as condições de vida das populações. A integralidade de ações é essencial para o sucesso do controle da esquistossomose.

Material complementar:
Telessaude ES. Vídeo de Webconferência : Esquistossomose – Epidemiologia, Diagnóstico e Tratamento na APS (Aprox. 44 min.). Palestrante: Aloísio Falqueto (Médico infectologista PRofessor do curso de medicina da UFES ); Zilma Rios (Debatedora) . Publicado em 14 dez 2017. Disponivel em: https://www.youtube.com/watch?v=zCglor6FFGA
Telessaúde Pernambuco. Biblioteca Virtual em Saúde-BVS. Qual a importância dos métodos indiretos de diagnóstico na Esquistossomose?Segunda opinião formativa – SOF n. 21879 [internet]. 18 set 2015 [citado em 2017 Dez 28]. Disponível em: http://aps.bvs.br/aps/qual-a-importancia-dos-metodos-indiretos-de-diagnostico-na-esquistossomose/

Bibliografia Selecionada:

1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Vigilância em Saúde: Dengue, Esquistossomose, Hanseníase, Malária, Tracoma e Tuberculose [internet] . – 2. ed. rev. – Brasília : Ministério da Saúde, 2008 [citado em 2017 Dez 28]. 195 p. : il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n. 21). Acesso: 05 out 2017. Disponível: http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/cadernos_ab/abcad21.pdf
2. Brasil. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. Guia de Vigilância em Saúde, [internet] 1. ed. atual. – Brasília : Ministério da Saúde, 2016 [citado em 2017 Dez 28]. p. 578-588. Disponível em: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2016/agosto/25/GVS-online.pdf