Existe diferença significativa na escolha do material utilizado para a proteção do complexo dentina-polpa na técnica do capeamento pulpar indireto?

| 16 janeiro 2015 | ID: sofs-16119
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,
Graus da Evidência: ,

Evidências mostram não haver diferença no índice de sucesso do capeamento indireto utilizando diferentes materiais. Em estudo de revisão sistemática (2011), que incluiu ensaios randomizados, ensaios clínicos controlados e série de casos, materiais como o hidróxido de cálcio, agentes antimicrobianos e cimento de policarboxilato combinado com uma preparação de tanino-flúor, demonstraram ser eficazes na redução de bactérias e promoção da remineralização da dentina cariada que permaneceu após a escavação da cavidade (1).


Complementação:
Em 2002, um trabalho comparando um sistema adesivo em resina e o forro de hidróxido de cálcio (Dycal) para tratamento pulpar indireto, avaliou 48 molares decíduos clinicamente e radiograficamente por 2 anos. Concluíram que a proteção do complexo dentina-polpa utilizando sistema de resina adesiva ou hidróxido de cálcio mostrou-se semelhante quando o tratamento pulpar indireto era realizado em restaurações classe I de resina em molares decíduos (2). Outra pesquisa avaliou três protocolos de ligação diferentes versus forro de hidróxido de cálcio para proteção do complexo dentina-polpa de molares decíduos com diferentes espessuras remanescentes de dentina. Foram testados adesivo à base de acetona com condicionamento total com ácido fosfórico a 36 % (Prime & Bond NT), um sistema de adesivo auto-condicionante (Xeno III), um adesivo à base de acetona (Prime & Bond NT) sem condicionamento ácido prévio, e o grupo controle com cimento de hidróxido de cálcio (Dycal). Após 2 anos, a taxa de sucesso clínico e radiográfico de tratamentos restauradores foi de 100% . A proteção do complexo dentina-polpa com os protocolos de adesividade testados mostraram resultados similares em cavidades profundas, rasas e médias, em comparação com hidróxido de cálcio em cavidades mais profundas, quando o tratamento pulpar indireto foi realizado em classe I em restaurações de compômero (3). De acordo com Duque et al (2009), a utilização de forros ionoméricos modificados por resina , após a remoção de cáries incompletas, assim como o cimento de hidróxido de cálcio, promove redução significativa das bactérias cariogênicas residuais viáveis para além de alterações clínicas favoráveis na dentina cariada remanescente (4). Em um estudo que avaliou a diferença entre o capeamento indireto de um sistema adesivo auto-condicionante (Clearfil SE Bond); e o forro de hidróxido de cálcio (Dycal), não houve diferença estatística entre os grupos (P = 0,514) após o período de 60 meses de acompanhamento. A taxa de sucesso global alcançado foi de 78% (5).
Resultados encontrados por Marchi et al (2006) sugerem que o capeamento indireto da polpa em dentes primários prende/inibe a progressão de lesões de cárie de base, independentemente do material usado como revestimento (6).

Atributos APS:
O acesso do paciente ao tratamento de capeamento pulpar deve ser garantido nas UBS’s, a fim de que o indivíduo adulto ou criança permaneça com o dente na boca pelo maior tempo possível e em condições de saúde (acesso). É um tratamento que pode prevenir a perda desta unidade dentária. Além disso, manter o cuidado ao longo do tempo é essencial para a preservação da unidade tratada e para atitudes preventivas em geral (longitudinalidade, prevenção da saúde).

Educação permanente:
É importante o profissional cirurgião-dentista estar atento quando for realizar um capeamento pulpar indireto, pois a depender da profundidade da cavidade e da forma de escavação, a polpa dentária pode ser exposta. Você sabe que atitudes tomar quando isso ocorrer?

Bibliografia Selecionada:

  1. Hayashi M, Fujitani M, Yamaki C, Momoi Y. Ways of enhancing pulp preservation by stepwise excavation-a systematic review. J Den 39(2):95-107, 2011. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0300571210002617 Acesso em: 16 jan 2015.
  2. Falster CA, Araujo FB, Straffon LH, Nör JE. Indirect pulp treatment: in vivo outcomes of an adhesive resin system vs calcium hydroxide for protection of the dentin-pulp complex. Pediatr Dent 24(3):241-8,2002. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12064499 Acesso em: 16 jan 2015.
  3. Buyukgural B, Cehreli ZC. Effect of different adhesive protocols vs calcium hydroxide on primary tooth pulp with different remaining dentin thicknesses:24-month results. Clini Oral Investig 12(1):91-6, 2008. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17896116 Acesso em: 16 jan 2015.
  4. Duque C, Negrini Tde C, Sacono NT, Spolidorio DM, de Souza Costa CA, Hebling J. Clinical and microbiological performance of resin-modified glass-ionomer liners after incomplete dentine caries removal. Clin Oral Investig 13(4);465-71,2009. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19548010 Acesso em: 16 jan 2015.
  5. Casagrande L, Bento LW, Dalpian DM, Garcia-Godoy F, de Araujo FB. Indirect pulp treatment in primary teeth: 4-year results. Am J Dent 23(1);34-8,2010. Disponível em: http://www.researchgate.net/profile/Franklin_Garcia-Godoy2/publication/44568720_Indirect_pulp_treatment_in_primary_teeth_4-year_results/links/02e7e538c7574a76cd000000.pdf Acesso em: 16 jan 2015.
  6. Marchi JJ, de Araujo FB, Fröner AM, Straffon LH, Nör JE. Indirect pulp capping in the primary dentition: a 4 year follow-up study. J Clin Pediatr Dent 31(2); 68-71,2006. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17315796 Acesso em: 16 jan 2015.