(SOF Arquivada) Na administração de vacinas subcutâneas é necessário aspirar para prevenir injeção endovenosa?

| 15 dezembro 2015 | ID: sofs-23086
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH:
Graus da Evidência:

SOF atualizada: https://aps-repo.bvs.br/aps/na-administracao-de-vacinas-subcutaneas-e-necessario-aspirar-para-prevenir-injecao-endovenosa-2/

Segundo o Manual do Ministério da Saúde, ao administrar a vacina via subcutânea, a orientação é aspirar e observar se não atingiu algum vaso sanguíneo. Caso isso aconteça, retirar a agulha do local e preparar nova dose de vacina¹.

O tecido subcutâneo, ou hipoderme, é a camada mais interna da pele, que é constituído principalmente de tecido adiposo, podendo ser dotado por inúmeros capilares sanguíneos. A derme que se situa acima do tecido subcutâneo é composta por grande quantidade de vasos sanguíneos e linfáticos (2). Atentar para a relação entre o ângulo de aplicação e a escolha de agulha adequada, levando em consideração a quantidade de massa muscular do usuário a ser vacinado¹.


A via subcutânea é utilizada para a administração de soluções que necessitam ser absorvidas mais lentamente, assegurando uma ação contínua. Essas soluções não devem ser irritantes, devendo ser de fácil absorção. O volume máximo a ser introduzido por esta via é de 1,5ml¹.

Os locais mais utilizados para injeções subcutâneas são as regiões do deltóide no terço proximal ou na face superior externa do braço, na face anterior da coxa ou na face anterior do antebraço¹.

Vacinas contra o Sarampo, Caxumba e Rubéola, substâncias como a insulina e adrenalina e alguns hormônios têm indicação específica desta via¹.

Procedimentos para Administração¹:

– lavar as mãos;
– escolher o local da administração;
– fazer a limpeza da pele, caso necessário (com álcool a 70% ou água e sabão);
– pinçar o tecido do local da administração com os dedos indicador e polegar, mantendo a regiãofirme;
– introduzir a agulha, com o bisel para cima, com rapidez e firmeza, e em ângulo de 30º (indivíduos magros), 45º (indivíduos normais) ou 60º (indivíduos obesos);
– quando a agulha for de 10mm, a angulação para indivíduos obesos e normais será de 90º;
– aspirar, observando se não atingiu algum vaso sanguíneo; caso isso aconteça, retirar a agulha do local e preparar nova dose de vacina;
– injetar o líquido lentamente;
– retirar a seringa com a agulha com movimento único e firme;
– fazer leve compressão no local com algodão seco;
– lavar as mãos.

Para evitar atingir o músculo, deve-se comprimir o tecido adiposo, inserir a agulha com um ângulo de 45 ° e injetar a vacina para o tecido. Em geral, após a aplicação de uma vacina, qualquer sinal ou sintoma que ocorrer é imediatamente associado à vacinação. Esta relação que se estabelece entre o evento adverso e a vacinação é denominada ação temporal. Isto é, inicialmente, assume-se que o evento ocorreu por causa da vacinação ³.

Os casos de abscesso geralmente encontram-se associados com infecção secundária e erros na técnica de aplicação. Estas reações são consequência da introdução da agulha e do conteúdo vacinal no tecido muscular. A hiperestesia se produz pela irritação dos terminais nervosos locais. O eritema se deve à vasodilatação reativa, que favorece a absorção4.

O prurido e as pápulas urticariformes são consequências da liberação de histamina, serotonina e outras substâncias vasoativas. O enfartamento ganglionar revela a atividade das células retículo-endoteliais e dos macrófagos para eliminar os restos da vacina. Os abscessos ocorrem quando há a contaminação no local de inoculação e estão normalmente relacionados a erro de técnica (4).

Notificar e investigar os casos com abscessos ou outras reações locais muito intensas (edema e/ou vermelhidão extensos, limitação de movimentos acentuada e duradoura); notificar também o aumento exagerado de determinada(s) reação(ões) local(is) associada(s) eventualmente a erros de técnica ou a lote vacinal (“surtos”) (4).

Podemos evitar muitos dos eventos adversos pós-vacinação causados por técnica de aplicação inadequada. Para isso, é preciso ter atenção especial para estes pontos (4):

– Lave as mãos, no mínimo, antes e após a aplicação da vacina.
– A forma adequada de segurar a criança para uma imobilização segura.
– O ângulo correto de aplicação que deve ser observado de acordo com a via de aplicação indicada.

tecnicas de vacinação

Atributos APS – De um modo geral, as vacinas figuram entre os produtos biológicos mais seguros para o uso humano, proporcionando benefícios indiscutíveis à saúde pública. No entanto, como qualquer outro produto farmacêutico, elas não estão isentas de risco. Sabe-se que a ocorrência de alguns eventos adversos é esperada. A tarefa da vigilância epidemiológica dos eventos adversos pós-vacinação é realizar o monitoramento desses eventos de forma a permitir que os benefícios alcançados com a utilização das vacinas sejam sempre superiores a seus possíveis riscos. (4)

Bibliografia Selecionada:

  1. Brasil. Ministério da Saúde. Capacitação de pessoal em sala de vacinação. Manual do treinando. Funasa, 2001. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/funasa/salavac_treinando_completo.pdf
  2. Smeltzer S. C. Bare B. G. Tratado de enfermagem médico-cirúrgica. V. 3, 1 ed. Guanabara Koogan, 26.
  3. Centers for Disease Control and Prevention- CDC. Vaccine Administration. Disponível em: http://www.cdc.gov/vaccines/pubs/pinkbook/vac-admin.html
  4. Brasil. Ministério da Saúde. Manual de vigilância epidemiológica de eventos adversos pós-vacinação. 2 ed. 2008. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_pos-vacinacao.pdf