O que é o Índice de Necessidade de Tratamento Odontológico (INTO)?

| 2 junho 2016 | ID: sofs-23623
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , ,
Graus da Evidência:

O Índice de Necessidade de Tratamento Odontológico (INTO) é um instrumento de Vigilância Epidemiológica utilizado com a finalidade de planejamento das ações de saúde bucal, subsidiando o agendamento para o atendimento individual e orientando a frequência da participação nos procedimentos coletivos, permitindo a organização do acesso aos serviços odontológicos com equidade1,2,3. É uma alternativa mais fácil e rápida ao Índice de Dentes Cariados, Perdidos e Obturados (CPOD), recomendado pela OMS para medir e comparar a experiência de cárie dentária em populações, pois a metodologia do CPOD dispende maior período de tempo para a calibração e coleta de dados4. Assim, metodologias mais simplificadas, como o INTO, que reduzam o tempo do exame e gerem racionalização de recursos são extremamente válidas, visto que os dados epidemiológicos são fundamentais para o planejamento e organização das ações em saúde bucal. Uma situação em que o INTO pode ser realizado é no Programa Saúde na Escola (PSE), já que a avaliação e promoção de saúde bucal é uma ação essencial do programa que tem como objetivo promover e avaliar o estado de saúde bucal e identificar os educandos com necessidade de cuidado em odontológico5,6. O INTO consiste em uma codificação na qual se classifica o indivíduo pelo número de necessidades odontológicas presentes.


São seis escores que variam de 0 a 5, sendo a ordem de priorização decrescente para encaminhamento para o tratamento clínico1,2 (quadro 1):

INTO Índice de necessidades de tratamento odontológico
0 Sem nenhuma necessidade de restauração ou extração
1 De 1 a 3 necessidades de restauração ou extração
2 De 4 a 8 necessidades de restauração ou extração
3 Mais de 8 necessidades de restauração ou extração
4 Doença periodontal generalizada (adultos)
5 Necessidade de exodontias múltiplas (adultos)

Quadro 1: escores do INTO. Fonte: Adaptado da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte¹.

O exame clínico com finalidade epidemiológica deve ser realizado em local bem iluminado e não requer o uso de instrumentais, apenas de espátulas de madeira para afastamento da mucosa, além de equipamentos de proteção individual: luvas, máscara, gorro, jaleco. Na ficha do exame clínico são registradas inicialmente as informações de identificação do indivíduo: nome, data de nascimento, endereço, escola e turma. Em seguida, são registradas as informações sobre a presença de lesões de cárie (sim/não e quantidade de dentes afetados), de necessidade de exodontia (sim/não e quantidade de dentes afetados), presença de sangramento gengival (sim/não), presença de cálculo supragengival (sim/não). Também podem ser registrados presença de lesões de mucosa, hábitos parafuncionais, problemas oclusais e outros agravos. Ao final, o indivíduo recebe a classificação do INTO de acordo com os escores apresentados anteriormente. Ações de promoção de saúde e prevenção de agravos são fundamentais para a atenção integral em saúde bucal. Além disso, o diagnóstico epidemiológico dá base para que o planejamento local em saúde, a programação das ações e definição da agenda contemple indivíduos com risco e necessidades identificadas, o que vai ao encontro do princípio de equidade do SUS e da Atenção Básica.

Bibliografia Selecionada:

  1. Belo Horizonte. Prefeitura Municipal. Coordenação de Saúde Bucal. Secretaria Municipal de Belo Horizonte. O levantamento de necessidades em saúde bucal e as ações de cuidado desenvolvidas nas 11 escolas especiais de Belo Horizonte. Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. 2006. Disponível em: <http://www.pbh.gov.br/smsa/biblioteca/saudebucal/levantamentodenecessidadesemescolasespeciais.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2016.
  2. WERNECK, Marcos Azeredo Furquim, et al. Emprego do Índice de Necessidade de Tratamento Odontológico (INTO) na organização do acesso aos serviços de saúde bucal na UBS Santa Rita de Euxenita, em Sabinópolis-MG. Apresentação de Trabalho: COBRAPO – Congresso Brasileiro de Atenção Primária em Odontologia, 2011. Disponível em: <http://www.cosemsmg.org.br/experiencias_exitosas/ver_exp.php?id_experiencia=273>.Acesso em: 04 fev. 2016.
  3. DUMONT, Adriana Fróis Santos, et al. Índice de necessidade de tratamento odontológico: o caso dos índios Xakriabá. Ciência & Saúde Coletiva, 2008; 13(3):1017-1022. Disponível em:  <http://www.scielo.br/pdf/csc/v13n3/24.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2016.
  4. CYPRIANO, Silvia; SOUSA, Maria da Luz Rosário de; WADA, Ronaldo Seichi. Avaliação de índices CPOD simplificados em levantamentos epidemiológicos de cárie dentária. Rev. Saúde Pública, 2005; 39(2): 285-92. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/rsp/v39n2/24054.pdf>. Acesso em: 04 fev. 2016.
  5. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Programa Saúde na Escola: Orientações Gerais sobre as ações de Saúde Bucal no Programa Saúde na Escola. Disponível em: <http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/concurso_pse_saude_bucal.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2016.
  6. COLUSSI Claudia Flemming, et al. O diagnóstico epidemiológico em saúde bucal no contexto do Programa Saúde na Escola (PSE). IX Congresso Brasileiro de Epidemiologia: As fronteiras de epidemiologia contemporânea – do conhecimento científico à ação. Vitória, 2014. Anais [recurso eletrônico]. Rio de Janeiro: ABRASCO, 2014; 1 ed: 269-270. Disponível em: <http://www.epiabrasco.com.br/ANAIS-EPIVIX-2014.pdf>. Acesso em: 23 abr. 2016.