Pacientes que não estão no climatério e que realizaram histerectomia ou ooforectomia devem receber que tipo de terapia de reposição hormonal?

| 15 julho 2009 | ID: sofs-1044
Solicitante:
CIAP2:
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Recorte Temático:

Pacientes que realizaram histerectomia e que mantém seus ovários intactos não tem indicação de receber hormônios se não estão apresentando sintomas climatéricos, os quais não possam ser controlados com outras medidas.
Pacientes ooforectomizadas antes dos 40 anos ou com qualquer causa de menopausa precoce (antes dos 40 anos) devem receber estrógenos seja pela forma de contraceptivos orais combinados de baixa-dose ou por formulações indicadas para terapia de reposição hormonal (TRH) com o intuito de manejar sintomas e diminuir o risco de osteoporose e osteopenia. A densidade mineral óssea deve ser determinada no início do tratamento através de densitometria óssea e depois a cada 3 a 5 anos. É recomendado nesses casos que a mulher continue o tratamento até os 50 anos. Os progestágenos são recomendados para mulheres que ainda tem o útero.
Deve-se atentar para o fato que, desde 2002 as indicações de TRH vêm se reduzindo graças aos resultados de vários estudos bem-delineados e naqueles casos individualizados em que se opta por iniciar a TRH ela deve ser mantida pelo mais curto período possível para não se colocar estas pacientes em risco de câncer de mama, AVC, incontinência urinária de esforço e eventos tromboembólicos.


Especificamente para tratamento de sintomas climatéricos uma revisão do Clinical Evidence 2007 considera como BENÉFICOS somente dois tratamentos:

  1. Progestágenos sozinhos (sem estrógenos) podem ser usados na forma de acetato de medroxiprogesterona na dose de 2,5 a 20mg/dia; progesterona micronizada 100 a 300mg/dia; ou progesterona 4% vaginal
  2. Tibolona 1,25 a 5mg/dia

Por fim, é importante ressaltar que nos estudos foram encontrados alguns efeitos indesejáveis em algumas pacientes em uso de progestágenos que são: cefaléia, dor nas mamas, distúrbios gastrointestinais, prurido vaginal, tonturas, sonolência, dor retal e diarréia. O uso da tibolona foi relacionado com crescimento de pêlos e oleosidade da pele, redução do HDL colesterol e sangramento vaginal em pequena parcela das mulheres tratadas.

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Bibliografia Selecionada:

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