Quais as evidências científicas para o uso do Guaco na Atenção Primária à Saúde?

| 8 julho 2016 | ID: sofs-25177
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH:
Graus da Evidência:

A Mikania glomerata Spreng pertence à família Asteraceae e conhecida popularmente como Guaco. Está nas folhas da planta a maior concentração do marcador químico (a Cumarina). As folhas de Guaco são comumente usadas ​​como um extrato, xarope ou infusão para o tratamento de bronquite, asma e tosse, por sua ação broncodilatadora, expectorante e supressora da tosse. Observações experimentais sobre a eficácia do uso do Guaco em doenças das vias respiratórias são consistentes, e alguns estudos têm demonstrado os mecanismos da sua ação. 1,2
A dose diária recomendada é de 0,5 a 5 mg de cumarinas3 e a posologia é determinada pelo fabricante, dependendo da forma farmacêutica e do cálculo da quantidade de cumarina aproximada em cada dose. Recomenda-se que crianças de dois a cinco anos utilizem 1/3 da dose e crianças acima de cinco anos ½ da dose recomendada para adultos.
Devido ao potencial anticoagulante da cumarina, o uso do Guaco é contraindicado em crianças menores de um ano e gestantes. Além disso, o seu uso prolongado do Guaco pode provocar acidentes hemorrágicos pelo antagonismo à vitamina K e potencializar a ação da Warfarina e de outros medicamentos dessa classe4.


Fitoterápicos a base de Mikania Glomerata Spreng fazem parte da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) e os municípios podem adquiri-los pelo componente básico da Assistência Farmacêutica5. A recomendação do xarope de guaco nos casos de tosse proveniente de gripes e resfriados contribui com a integralidade da atenção, valoriza o conhecimento popular e é de fácil acesso e baixo custo.

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Bibliografia Selecionada:

  1. SOARES E SILVA, Luciana et al. Preparation of dry extract of Mikania glomerata sprengel (Guaco) and determination of its coumarin levels by spectrophotometry and HPLC-UV. Molecules, v. 17, n. 9, p. 10344-10354, 2012. Disponível em: http://www.mdpi.com/1420-3049/17/9/10344. Acesso em: 26/10/2015
  2. NAPIMOGA, Marcelo H.; YATSUDA, Regiane. Scientific evidence for Mikania laevigata and Mikania glomerata as a pharmacological tool. Journal of Pharmacy and Pharmacology, v. 62, n. 7, p. 809-820, 2010. Disponível em: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1211/jpp.62.07.0001/full. Acesso em: 26/10/2015
  3. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência nacional de Vigilância Sanitária. Instrução normativa n° 02 de 13 de maio de 2014. Diário Oficial. República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 2014. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2014/int0002_13_05_2014.pdf. Acesso em: 26/10/2015
  4. CZELUSNIAK, K. E. et al. Farmacobotânica, fitoquímica e farmacologia do Guaco: revisão considerando Mikania glomerata Sprengel e Mikania laevigata Schulyz Bip. ex Baker. Rev. Bras. Plantas Med, v. 14, p. 400-409, 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbpm/v14n2/22.pdf. Acesso em: 26/10/2015
  5. Brasil. Ministério da Saúde. Relação Nacional de medicamentos (RENAME). Disponível em:http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2012/prt0533_28_03_2012.html[Acesso em: 09 abr 2014]