Quais condutas devem tomadas pela equipe da ESF na APS diante de um caso de aborto retido?

| 14 agosto 2018 | ID: sofs-39931
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,

A principal conduta recomendada diante de um caso de aborto retido é o encaminhamento da paciente ao hospital de referência obstétrica, para a realização de curetagem uterina(1,2).


No entanto, além disso é importante lembrar que no início do diagnóstico do aborto retido, bem como no pós-abortamento, as mulheres precisam de uma equipe que compreenda suas necessidades, não somente físicas, mas também sociais e psicológicas(2,4). Tanto o profissional médico como o enfermeiro, juntamente com os demais profissionais da equipe, poderão ajudar na identificação da causa do aborto e facilitar o entendimento da mulher acerca dos possíveis significados do abortamento, que muitas vezes, se traduzem por frustração e sensação de incapacidade de engravidar novamente(2)Por isso é importante um diálogo satisfatório durante o atendimento, capaz de proporcionar às mulheres condições para decisões futuras em relação a sua saúde, em especial ao seu futuro reprodutivo(3).
No Brasil, ainda existem poucos estudos específicos sobre óbito fetal, mas de maneira geral, as principais causas estão relacionadas à idade materna maior que 35 anos, baixa renda e escolaridade, pré-natal inadequado e natimorto prévio. Dessa forma, conhecer a epidemiologia da morte fetal é fundamental para promoção de ações voltadas à saúde materno-infantil, pois a maior visibilidade desse problema e identificação dos fatores determinantes dos óbitos são necessários para subsidiar a adoção de medidas preventivas que permitam um enfrentamento mais efetivo de um problema que pode ser evitado(5,6).
Nesse sentindo, a qualidade na atenção ao abortamento e pós-aborto no âmbito da Atenção Primária a Saúde (APS) implica no esforço integrado de todos os níveis gestores para a oferta de serviços que garantam acolhimento, informação, aconselhamento, competência profissional, tecnologia apropriada disponível e relacionamento pessoal sem pré-julgamentos, pautado no respeito à dignidade e aos direitos sexuais e reprodutivos, necessitando assim, de uma equipe preparada para orientar as mulheres que desejarem outra gravidez(2,3). Durante o atendimento, é importante lembrar também que nos casos de aborto, quando houver sido indicada na gestação, a suplementação de ferro deve ser mantida no pós-aborto por três meses(1).
Portanto, a Unidade Básica de Saúde (UBS) deve ser a porta de entrada preferencial da gestante no sistema de saúde, ou seja, corresponde ao ponto de atenção estratégico para melhor acolher suas necessidades, inclusive proporcionando um acompanhamento longitudinal e continuado, principalmente durante a gravidez(1,3). Dessa forma, a atenção à gestante, à puérpera e à criança deve ser concebida de forma integral, indissociada das questões físicas, emocionais, de seu contexto familiar, comunitário e de relações sociais(1,2).

Bibliografia Selecionada:

1. Brasil. Ministério da Saúde. Atenção ao pré-natal de baixo risco. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. 1. ed. rev. Brasília: Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Primária, n. 32. 2013:320p. [acesso em 15 fev. 2018]. Disponível em: http://dab.saude.gov.br/portaldab/biblioteca.php?conteudo=publicacoes/cab32
2. Brasil. Ministério da Saúde. Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher. Secretaria de Políticas de Saúde, Área Técnica da Mulher. Brasília: Ministério da Saúde. 2001:202p. [acesso em 15 fev. 2018]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd04_13.pdf
3. Brasil. Ministério da Saúde. Manual de vigilância do óbito infantil e fetal e do Comitê de Prevenção do Óbito Infantil e Fetal. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde. 2009:98p. [acesso em 16 fev. 2018]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_obito_infantil_fetal_2ed.pdf
4. Schupp TR, Miyadahira S, Zugaib M. Qual é a conduta atual no óbito fetal? Rev. Assoc. Med. Bras. 2002 Dec; 48(4):284  [acesso em 16 fev. 2018]. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ramb/v48n4/14181.pdf
5. Menezzi AMED, Figueiredo ID, Lima EWB, Almeida JC, Marques FKS, Oliveira CF, et al. Vigilância do óbito fetal: estudo das principais causas. O Mundo da Saúde, São Paulo. 2016;40(2):208-212. [acesso em 16 fev. 2018]. Disponível em: https://www.saocamilo-sp.br/pdf/mundo_saude/155574/A07.pdf
6. Barbeiro FMS, Fonseca SC, Tauffer MG, Ferreira MSS, Silva FP, Ventura PM, Quadros JI. Óbitos fetais no Brasil: revisão sistemática. Rev. Saúde Pública. 2015;49:22. [acesso em 10 ago. 2018]. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v49/pt_0034-8910-rsp-0034-89102015049005568.pdf