Quais estratégias de comunicação adotar com pacientes portadores de deficiência auditiva?

| 24 novembro 2016 | ID: sofs-35722
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , ,
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Recorte Temático:

A comunicação adequada entre profissional de saúde e usuário é um componente fundamental para que se estabeleça a interação, o acolhimento e o vínculo entre eles, colaborando assim para que as práticas de saúde sejam mais resolutivas. As pessoas portadoras de deficiência auditiva precisam ser entendidas em suas necessidades e também devem ser alvo das ações de saúde para que dessa forma possam vir a exercer conscientemente práticas promotoras, preventivas e curativas de saúde, promovendo assim sua inclusão social. Uma estratégia eficaz para favorecer a comunicação efetiva entre o profissional de saúde e o usuário com deficiência auditiva é aquela que utiliza uma linguagem compreendida por ambos, o que em geral se dá com a utilização da Linguagem Brasileira de Sinais – LIBRAS. Quando isso não ocorre, existem algumas estratégias utilizadas por profissionais de saúde que não compreendem a LIBRAS, que podem favorecer a comunicação com o usuário, mas não garantem uma comunicação efetiva, pois a compreensão e a expressão das mensagens de ambos podem não acontecer de fato. São elas:
1-      Utilização da escrita: o usuário relata suas demandas escrevendo/desenhando no papel e o profissional de saúde também interage com o usuário desta forma. Nesse caso, é importante que o usuário saiba ler e escrever em português. Além disso, o profissional de saúde deve estar atento quanto ao uso de termos técnicos, utilizando uma linguagem mais simples e acessível ao usuário.
2-      Presença de um interlocutor: alguns usuários possuem um familiar que consegue compreendê-lo e se comunicar com o mesmo de maneira mais efetiva. Esse familiar pode servir como elo para transmitir as necessidades do usuário ao profissional de saúde, bem como para transmitir as orientações do profissional ao usuário. Porém, é importante lembrar que a decisão de levar um interlocutor como acompanhante para atendimento na Unidade de saúde deve ser do usuário, a fim de manter a confidencialidade das informações prestadas pelo mesmo e a sua autonomia.
3-      Leitura labial: pode ser utilizada, quando o usuário compreende o português. Mas deve-se atentar para falar pausadamente e olhando para o usuário.
4-      Mímicas: a utilização de gestos para caracterizar as informações importantes a serem prestadas é outra estratégia empregada pelos profissionais de saúde, mas que os estudos descrevem não ser eficaz.


Outra estratégia, cuja efetividade ainda não foi avaliada no Brasil, é a utilização de aplicativos móveis que visam promover a inclusão social, facilitando a comunicação de ouvintes com pessoas com deficiência auditiva. Existem aplicativos com diversos recursos, como: tradução da fala ou da escrita em português para a LIBRAS; conversão de imagens, textos e áudios para LIBRAS; dicionário com índice em LIBRAS.
Portanto, a Atenção Básica como nível de primeiro contato do usuário com o sistema de saúde e por possuir competência cultural para intervir de maneira mais próxima à realidade do indivíduo, deve buscar mecanismos para diminuir as barreiras de acesso dos portadores de deficiência auditiva às informações e aos recursos ofertados por este nível de atenção. Dessa forma, precisa adaptar-se às características do indivíduo que está inserido em um contexto físico e social, a fim de favorecer a construção de vínculo e a atenção à saúde direcionada às necessidades de cada indivíduo.

Bibliografia Selecionada:

  1. Tedesco JR, Junges JR. Desafi os da prática do acolhimento de surdos na atenção primária. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 29(8):1685-1689, ago, 2013. Disponível em: http://www.scielosp.org/pdf/csp/v29n8/v29n8a21.pdf. Acesso em 16 de agosto de 2016.
  2. Oliveira YCA de, Celino SDV, Costa GMC. Comunicação como ferramenta essencial para assistência à saúde dos surdos. Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 25 [ 1 ]: 307-320, 2015.  Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/physis/v25n1/0103-7331-physis-25-01-00307.pdf. Acesso em 16 de agosto de 2016.
  3. Nascimento GB, Fortes LO, Kessler TM. Estratégias de comunicação como dispositivo para o atendimento humanizado em saúde da pessoa surda. Saúde (Santa Maria), Santa Maria, Vol. 41, n. 2, Jul./Dez, p. 241-250, 2015. http://periodicos.ufsm.br/revistasaude/article/viewFile/15121/pdf. Acesso em 16 de agosto de 2016.
  4. Oliveira YCA de, Coura AS, Costa GMC et al. Comunicação entre profissionais de saúde-pessoas surdas: revisão integrativa. Rev enferm UFPE on line., Recife, 9(supl. 2):957-64, fev., 2015. Disponível em: http://www.revista.ufpe.br/revistaenfermagem/index.php/revista/article/viewFile/5502/pdf_7318. Acesso em 16 de agosto de 2016.
  5. Brasil. Ministério da Saúde. Atenção à saúde da pessoa com deficiência no Sistema Único de Saúde – SUS. Brasília: 2009. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_saude_pessoa_deficiencia_sus.pdf. Acesso em 16 de agosto de 2016.