Quais os critérios para iniciar quimioprofilaxia em contactantes de pacientes com tuberculose pulmonar sensível em locais onde a prova tuberculínica não está disponível?

| 30 agosto 2016 | ID: sofs-35451
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , , , , ,

Para o controle de contatos na indisponibilidade da prova tuberculínica (PT) recomenda-se proceder com a investigação de todos os contatos (tuberculose sensível e multidrogarresistente) com avaliação clínica e radiológica, com vistas a identificar casos de tuberculose ativa. Excluindo-se doença ativa, recomenda-se o tratamento da infecção latente da tuberculose, mesmo sem PT, nas seguintes situações:
a) Recém-nascido coabitante de caso índice bacilífero (tratar com isoniazida 6 meses e depois desse período vacinar para BCG);
b) Contatos de tuberculose sensível com idade igual ou inferior a 15 anos e assintomáticos – após exclusão da tuberculose, tratar a ILTB sem a PT, prioritariamente em crianças menores de 5 anos;
c) Contatos de tuberculose sensível com mais de 15 anos e assintomáticos – após exclusão da tuberculose, avaliar individualmente a indicação de profilaxia com isoniazida sem a PT. Levar em consideração o grau de exposição, a presença de comorbidades e o risco e benefício.
– Grau de exposição: contatos domiciliares geralmente apresentam maior exposição quando comparados a outros ambientes.
– Comorbidades: proceder com o tratamento da ILTB sem a PT em contatos nas seguintes situações: pessoas em uso de inibidores de TNF-α, portadores de diabetes mellitus, transplantados em uso de terapia imunossupressora, neoplasias hematológicas, neoplasias de cabeça e pescoço, uso de corticosteroides (>15mg de prednisona por mais de 1 mês) em maiores de 65 anos, insuficiência renal em diálise e outras doenças imunossupressoras.
– Risco e benefício: Avaliar junto com o grau de exposição e a presença de comorbidades, as interações medicamentosas e efeitos adversos à isoniazida.
d) Pessoa vivendo com HIV/aids:
– Com cicatriz radiológica sem tratamento prévio da infecção latente da tuberculose
– Contato de caso de tuberculose pulmonar
– Com registro documental de ter tido PT ≥ 5mm e não submetido ao tratamento da ILTB na ocasião
– Com risco epidemiológico acrescido: locais com alta carga da doença, como presídios ou albergues
– Com LT-CD4+ < 350cel/mm3
– Sem Tratamento Antirretroviral (TARV) ou em TARV com carga viral detectável (desde que afastada a dificuldades na adesão e elevação transitória da carga viral)
Em casos que não se apresentem nas situações descritas acima, deve-se individualizar a decisão de iniciar o tratamento da ILTB sem a PT, considerando-se riscos e benefícios da estratégia.


Bibliografia Selecionada:

  1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Tratamento diretamente observado (TDO) da tuberculose na atenção básica : protocolo de enfermagem. Brasília : Ministério da Saúde, 2011. 168 p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/tratamento_diretamente_observado_tuberculose.pdf Acesso em 30 agosto 2016
  2. DOSSING, M. et al. Liver injury during anti-tuberculosis treatment: an 11-year study. Tuber. Lung. Dis.,v.77, n. 4, p. 335-40, 1996. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0962847996900982
  3. PAI, M.; MENZIES, R. Diagnosis of latent tuberculosis infection in adults. Uptodate. Disponível em http://www.uptodate.com/contents/diagnosis-of-latent-tuberculosis-infection-tuberculosis-screening-in-hiv-uninfected-adults. Acesso em 12 de agosto de 2016.
  4. SENARATNE, W. V. et al. Anti-tuberculosis drug inducd hepatitis: a Sri Lankan experience. Ceylon Med. J., [S.l.], v. 51, n. 1, p. 9-14, 2006. Disponível em: http://cmj.sljol.info/articles/10.4038/cmj.v51i1.1369/galley/1217/download/
  5. SMIEJA, M. et al. Isoniazid for preventing tuberculosis in non-HIV infected persons. Cochrane Database of Systematic Reviews, 2010. Issue 1. Acesso em 12 de agosto de 2016. Disponível em: http://www.cochrane.org/CD001363/INFECTN_isoniazid-is-effective-in-helping-to-prevent-tuberculosis-in-people-not-infected-with-hiv
  6. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Nota Informativa Nº 08, de 2014 CGPNCT/DEVEP/SVS/MS. Recomendações para controle de contatos e tratamento da infecção latente da tuberculose na indisponibilidade transitória do Derivado Proteico Purificado. Disponível em: http://portal.saude.pe.gov.br/sites/portal.saude.pe.gov.br/files/nota_informativa_ppd.pdf    Acesso em 30/agosto/2016