Qual a conduta frente a anquiloglossia (língua presa) em RN?

| 4 agosto 2008 | ID: sofs-191
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,
Graus da Evidência:

O freio lingual é uma membrana mucosa aderida desde a base da língua até o rebordo alveolar. Esta estrutura no recém-nascido tem uma atuação importante no ato de sucção e amamentação. Um freio lingual curto dificulta os movimentos da língua e pode se apresentar bastante aderido ao assoalho da cavidade bucal. Este aspecto patológico é chamado anquiloglossia.
Logo após o nascimento, alguns RN apresentam incoordenação dos reflexos orais, necessitando de alguns dias para desenvolver um padrão mais maduro, o que pode ocorrer simultaneamente ao processo de apojadura, no terceiro ou quarto dia pós-parto.
Em regra a anquiloglossia é assintomática. Por vezes poderá interferir na amamentação e na pronúncia de alguns sons (dislálias). Mas não tem qualquer relação com os atrasos na linguagem. Claramente interfere na higiene oral e nas funções da língua que exijam a sua exteriorização.
No recém- -nascido (RN) a ponta da língua está incompletamente desenvolvida, aumentando de tamanho com o crescimento, ao invés do freio. Na maioria dos casos verifica-se a resolução da anquiloglossia, de forma progressiva, até aos 5 anos de idade. Só excepcionalmente os freios da língua necessitam de ser seccionados, mas em regra só após os 4 anos de idade. São indicações cirúrgicas precoces a anquiloglossia total e a clara se há interferência na amamentação. Este procedimento tem grau de evidência C. Poderá aconselhar-se cirurgia antes dos 4 anos nas situações muito marcadas de forma a prevenir os potenciais problemas na linguagem (dislálias) e na higiene oral.

 

 


Bibliografia Selecionada:

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