Qual a indicação de uso do óleo de girassol e do óleo de canola no tratamento de feridas?

| 4 agosto 2008 | ID: sofs-174
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Estes dois produtos citados são visto pela ANVISA (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária) como Produtos de uso culinário: (exemplo, óleo de girassol, óleo de canola, açúcar, mamão etc) Sua fabricação é destinada à alimentação, não existindo comprovação científica da sua eficácia em tratamento de feridas. Existem controvérsias quanto à indicação de uso e intervalo de trocas. Porém podemos encontrar o óleo de girassol em outros produtos como AGE ( ácidos graxos essenciais) que possui indicação para o tratamento de feridas e podem apresentar vários nomes comerciais mas devemos atentar se em sua composição existe o derivado do ácido linoléico, derivados do ácido linoléico com lanolina, derivados do ácido ricinoléico – da mamona.
Suas indicações servem para todos os tipos de lesão, nos diversos estágios do processo cicatricial e como preventivo de lesões. Inúmeros trabalhos comprovam que os triglicérides de cadeia média atuam de forma positiva no processo de cicatrização, tanto por sua ação bactericida como por sua interferência em diversas fases do processo: atuam sobre a membrana celular, aumentando sua permeabilidade; facilitam a entrada de fatores de crescimento; promovem mitose e proliferação celular; estimulam a neoangiogênese; quimiotáxicos para leucócitos.
Os AGE podem ser usados em qualquer fase da cicatrização, eles auxiliam desbridamento autolítico; bactericidas para S. aureus; pode-se fazer o desbridamento prévio para agilizar o processo de cicatrização; aplicação deve ser diária. Devemos atentar que o AGE pode provocar hipersensibilidade e requerem troca diária, aplicação de cobertura secundária (máximo de 24 horas).
Outro estudo com Grau de Recomendação C define que os AGE ou triglicerideos de cadeia média são capazes de alterar funções leucocitárias modificando reações inflamatórias e imunológicas, acelerando o processo de granulação por manter o ambiente úmido. São utilizados no tratamento de feridas abertas com ou sem infecção e profilaxia de ulceras de decúbito, por formar uma película protetora sobre a pele.
Neste estudo eles recomendam que se deve aplicar o TCM/AGE = triglicérides de cadeia média no leito da ferida, diretamente com ajuda de frasco conta gota ou almotolia ou embeber a gaze e colocá-la do leito da ferida e após cobrir com uma segunda camada de gaze umedecida em SF e fixá-los com micropore ou com atadura, de acordo com a localização da ferida.
O mercado oferece uma diversidade de produtos para tratamento de queimaduras que tem provocado insegurança nos profissionais da saúde sobre qual opção é a mais indicada. Vale considerar que a literatura apresenta alguns questionamentos sobre o tratamento das queimaduras ainda sem respostas e controvérsias que merecem ser esclarecidas. Em adição, alguns estudiosos mencionam a escassez de informações específicas acerca da indicação e efeitos adversos dos produtos convencionalmente utilizados em queimaduras, de maneira que seja possível relacionar estas informações com o tipo e a fase da queimadura. Assim, se conclui que é preciso conhecer a eficiência de cada produto frente à diversidade de situações. Cabe destacar que o sucesso do tratamento depende, dentre outros fatores, da criteriosa escolha, bem como, da adequada utilização dos produtos selecionados.


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Bibliografia Selecionada:

  1. Agency fo Health Care Policy and Research (AHCPR) – Clinical practice guidelines: pressure ulcer treatment: quick reference guide for clinicians. Dermatol nurs. 7(2): 87-101. Disponível em: http://www.ahrq.gov/professionals/clinicians-providers/guidelines-recommendations/archive.html
  2. Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.  FAQ – Sistema de Perguntas e Respostas. Controle de Infecção – Uso de antimicrobiano. Brasília: ANVISA.
  3. Amora VAK. Lesão de difícil cicatrização: sistematizando as ações de enfermagem ao paciente oncológico [Tese]. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2000.
  4. Declair V. A aplicação de triglicérides de cadeia média (TCM) na prevenção de úlceras de decúbito. Res Bras Enf. 1994 Jan-Mar;47(1): 27-30.
  5. Goldmeier S. Comparação dos triglicerideos de cadeia média com ácidos graxos essenciais, com polivinilpirrolidona-iodo no tratamento das úlceras de decúbito em pacientes cardiopatas. Rev Paul Enfermagem. 1997 Jan- Dez;16 (1/3): 30-4.
  6. Louw L. Keloids in rural black South Africans. Part 1: general overview and essential fatty acid hypotheses for keloid formation and prevention. Prostaglandins Leukot Essent Fatty Acids. 2000 Nov;63(5):237-45.