Qual a melhor forma de aconselhamento para gestantes de alto risco?

| 9 junho 2009 | ID: sofs-526
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , ,
Graus da Evidência:
Recorte Temático:

A caracterização de uma situação de risco não implica necessariamente referência da gestante para acompanhamento conjunto no pré-natal de alto risco. As situações que envolvem fatores clínicos mais relevantes (risco real) e/ou fatores preveníveis que demandem intervenções com necessidade de tecnologias mais duras, indisponíveis na atenção primária, De qualquer maneira, a unidade básica de saúde deve continuar responsável pelo acompanhamento conjunto das gestante que estiverem nos outros níveis de atenção.As ações educativas sobre os cuidados básicos de saúde podem reduzir fatores de risco sujeitas a modificação.
Uma revisão sistemática de 40 ensaios clínicos randomizados com 9.080 mulheres mostrou que programas antifumo desenvolvidos na gravidez aumentam a chance de a mulher parar de fumar. É necessário tratar 15 mulheres para que uma pare de fumar. Observou-se, em sete estudos, uma redução da incidência de baixo peso ao nascer, sendo necessário tratar 66 mulheres para evitar um caso de recém-nascido de baixo peso. Estudo com Grau de Evidência A.
O modelo de reuniões em grupos de gestantes com a participação dos casais para esclarecer dúvidas, tranquilizar os temores e orientar sobre as modificações fisiológicas da gravidez, sobre o processo da parturição e sobre os cuidados com o recém-nascido tem sido uma forma adequada de auxiliar na promoção da compreensão da gestante e de sua família. A dinâmica de grupo favorece a troca de experiências e ajuda a desfazer o ciclo de ansiedades e temor. Na gestação, a mulher está muito motivada e preocupada com o bebê, buscando os melhores cuidados para assegurar o nascimento saudável.
Orientações sobre amamentação quando estimuladas e bem orientadas podem aumentar a incidência de amamentação e prolongar o período de aleitamento natural (IMPORTANTE: lembrar que algumas situações de risco podem ser impeditivas à amamentação, como é o caso do HIV).
Não haverá limitação para os exercícios físicos, mas a paciente deverá ser orientada a realizá-los com moderação e a evitar situações que coloquem em risco a gestação.
Quanto à nutrição podem receber orientações de promoção da alimentação saudável (enfoque na prevenção dos distúrbios nutricionais e das doenças associadas à alimentação e nutrição – baixo peso, sobrepeso, obesidade, hipertensão e diabetes; e suplementação de ferro, ácido fólico e vitamina A);
Orientações sobre a atividade sexual, incluindo prevenção das DST/AIDS e aconselhamento para o teste anti-HIV.
Devem ser orientadas para os sinais de alerta e o que fazer nessas situações (sangramento vaginal, dor de cabeça, transtornos visuais, dor abdominal, febre, perdas vaginais, dificuldade respiratória e cansaço).
O acompanhamento da mulher no ciclo grávido-puerperal deve ser iniciado o mais precocemente possível e só se encerra após o 42º dia de puerpério, período em que deverá ter sido realizada a consulta de puerpério.


Bibliografia Selecionada:

  1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Pré-natal e puerpério: atenção qualificada e humanizada – manual técnico [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2005 [citado 2009 Jun 30]. (Série A. Normas e Manuais Técnicos) – (Série Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos – Caderno nº 5). Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno5_saude_mulher.pdf
  2. Duncan BB, Schmidt MI, Giugliani ERJ. Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências. 3a ed. Porto Alegre: Artmed; 2004.
  3. Lumley Judith, Oliver Sandy, Chamberlain Catherine, Oakley Laura. Interventions for promoting smoking cessation during pregnancy. Cochrane Database of Systematic Reviews. In: The Cochrane Library, Issue 2, Art. No. CD001055. Disponível em: http://cochrane.bvsalud.org/doc.php?db=reviews&id=CD001055. Acesso em: 06 abr 2015