Quando investigar a presença de cárie oculta?

| 16 agosto 2018 | ID: sofs-40587
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,

Deve-se investigar a cárie oculta na presença dos seguintes sinais clínicos: opacidade e alterações na pigmentação. Neste contexto, a prevalência é alta em adultos jovens, merecendo atenção especial.


Através dos critérios de classificação do International Caries Detection and Assessment System (ICDAS), dentes que apresentam opacidade e alterações na pigmentação, podem ser categorizados da seguinte forma:
00 – sem alteração na translucidez do esmalte após 5s;
01 – opacidade visível após secagem por 5s;
02 – opacidade visível mesmo na presença de umidade;
03 – desagregação do esmalte, vista na presença de umidade e após secagem prolongada;
04 – esmalte completamente alterado, com sombra da dentina subjacente, indicando fortemente a presença de carie oculta.
Clinicamente, destaca-se que  na cárie oculta o esmalte oclusal apresenta aspecto sadio ou minimamente desmineralizado. Sua etiologia não é bem esclarecida e as hipóteses mais aceitas atualmente são: microbiota específica, deficiência estrutural e anatômica do esmalte, aumento na ingestão de flúor, que diminuiria a solubilidade do esmalte e da dentina em meio ácido, tornando o dente mais resistente e retardando o desenvolvimento da lesão em esmalte, pelo conhecido processo de remineralização, podendo ocultar o desenvolvimento da cárie em dentina.
O melhor diagnóstico se dá através da associação de exame clínico e exame radiográfico.
Dentre as técnicas radiográficas utilizadas rotineiramente em odontologia, a radiografia interproximal é considerada o recurso convencional de diagnóstico mais eficaz na identificação da cárie oculta especialmente nas lesões que comprometem a dentina, onde a intervenção operatória é imprescindível.
O aspecto radiográfico da cárie oculta é um pouco diferente da imagem radiolúcida da lesão cariosa já conhecida. Na lesão de cárie oculta o aspecto mais difuso e menos radiolúcido da lesão, torna seu diagnóstico um pouco mais difícil, especialmente se as radiografias forem obtidas com quilovoltagem baixa, o que aumenta o contraste na imagem final. Radiografias que apresentam menor contraste e, portanto, maior número de tons intermediários entre o branco e o preto facilitam a visualização das lesões.A imagem radiográfica mais comum da lesão cariosa é a de lesão já em dentina. As lesões incipientes oclusais são de difícil interpretação, pois há sobreposição das cúspides linguais ou palatinas e vestibulares. Embora a técnica radiográfica mais indicada para determinação das lesões cariosas ocultas seja a interproximal, estas lesões podem ser vistas também em radiografias periapicais e panorâmicas.

Atributos da APS:
Acesso – Agilizar o acesso a consulta odontológica é um importante atributo da atenção básica. O acompanhamento odontológico da comunidade assistida pela Estratégia de Saúde da Família (ESF) faz parte do processo de promoção da saúde bucal das populações, principalmente orientando a correta higienização da cavidade bucal e da língua.
Integralidade – A integralidade do sistema encaminhando os casos que necessitem de tratamento especializado aos Centros de Especialidades Odontológicos –CEOs de cada região.
Coordenação do cuidado – A equipe de saúde deve estar ciente e participar de recomendações que o paciente possa receber de profissionais fora do território de atuação do Centro de Saúde.

Bibliografia Selecionada:

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2. Hashizume LN, Mathias TC, Cibils DM, Maltz M. Effect of the widespread use of fluorides on the occurrence of hidden caries in children. Int J Paediatr Dent. 2013 Jan;23(1):72-76. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/pdf/10.1111/j.1365-263X.2012.01231.x
3. Bertella N, Moura MS, Alves LS, Damé-Teixeira N, Fontanella V, Maltz M. Clinical and radiographic diagnosis of underlying dark shadow from dentin (ICDAS 4 ) in permanent molars. Caries Res. 2013;47(5):429-32. Disponível em: https://www.karger.com/Article/Abstract/350924
4. Lautenschlagüer GAC, Nery LR, Capelozza ALA. Cárie oculta: a importância da radiografia interproximal em seu diagnóstico. Rev ABRO. 2009;10(1):58-61. Disponível em: https://abro.org.br/wp-content/uploads/2015/02/v10_n1.pdf
5. Ricketts D, Kidd E, Weerheijm K, de Soet H. Hidden caries: What is it? Does it exist? Does it matter?.Int Dent J. 1997 Oct; 47(5):259–65. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/j.1875-595X.1997.tb00786.x