Qual é a redução da mortalidade por câncer de boca realizando o exame preventivo visual em programas de prevenção?

Núcleo de Telessaúde Rio Grande do Sul

Não foram encontradas evidências que sustentem ou refutem o uso de exame visual como método de rastreamento para pessoas com câncer de boca na população geral. Apenas um ensaio clínico controlado randomizado foi incluído na revisão e os métodos do estudo incluído apresentam problemas.
Não houve trabalhos com qualidade metodológica para afirmar que uma política nacional para o exame de câncer de boca deva ser desenvolvida com vistas a diminuir a taxa de incidência de câncer de boca que no Brasil é de 7,4 para 100.000 entre homens. A redução de mortalidade encontrada não pode receber a confiança dos profissionais de saúde em função das limitações do delineamento não cegado para a lista de alocação da randomização. Diante deste contexto, é necessário ter em conta as desvantagens de instituir um programa de rastreamento de câncer de boca em Atenção Primária pelos riscos gerais de danos ao realizarem-se exames e procedimentos em populações basicamente sadias.

Sumário das evidências
O pequeno número de estudos de acordo com os critérios utilizados e a limitação na descrição do seguimento do ensaio clínico, bem como o não ocultamento da lista de alocação, levou a conclusão de que o exame visual para rastreamento do câncer de boca como método adequado para reduzir a mortalidade por câncer de boca não apresenta evidências que sustentem a sua utilização. Quanto ao Ensaio Clínico Randomizado encontrado:

As incidências de câncer de boca no grupo intervenção e controle foram de 81,1 e 83,3 por 100.000 com RR de 0,97 , RRR de 0,03 e NNT = 45.454 para evitar 1 caso de Câncer de boca; a Revisão Sistemática aqui comentada não traz informações, sobre este ensaio, em termos de intervenções ocorridas a partir do screening para tratamento de lesões pré-malignas, que teriam potencial para reduzir incidência de lesões malignas.

As taxas de mortalidade por câncer de boca no grupo intervenção e controle foram respectivamente de 16,4 e 20,7, com letalidade de 37% dos casos no grupo intervenção e de 55,1% no grupo controle. (redução de riscos significativa, com P <0,05); a taxa de sobrevivência foi significativamente maior no grupo intervenção (50%) que no grupo controle (34%) (P=0,009);

No grupo de mais alto risco para câncer de boca, a taxa de mortalidade foi de 29,9 no grupo intervenção e 45,4 no grupo controle

Bibliografia Selecionada:

Kujan Omar, Glenny Anne-Marie, Oliver Richard, Thakker Nalin, Sloan Philip. Screening programmes for the early detection and prevention of oral cancer. Cochrane Database of Systematic Reviews. In: The Cochrane Library, Issue 11, Art. No. CD004150. Disponível em: http://cochrane.bvsalud.org/doc.php?db=reviews&id=CD004150&lib=COC Acesso em: 22 out 2007.