Qual o objetivo e como elaborar o mapa do território adscrito pela equipe de saúde da família no contexto da Atenção Básica?

| 14 julho 2016 | ID: sofs-23857
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , ,
Graus da Evidência:

O mapa do território adscrito pela equipe de saúde da família e equipe de saúde bucal é uma ferramenta do planejamento em saúde que tem por objetivo auxiliar no processo de diagnóstico local e identificação dos problemas e necessidades de saúde da população1.
A Atenção Básica é desenvolvida por meio do exercício de práticas de cuidado e gestão, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios definidos, pelas quais assume a responsabilidade sanitária, considerando a dinamicidade existente no território em que vivem essas populações. Algumas características do processo de trabalho das equipes de Atenção Básica fazem referência direta ao processo de territorialização como forma de planejamento das ações direcionadas à população, como: definição do território de atuação e população sob responsabilidade das UBS e das equipes; programação e implementação das atividades de atenção à saúde de acordo com as necessidades de saúde da população, com a priorização de intervenções clínicas e sanitárias nos problemas de saúde segundo critérios de frequência, risco, vulnerabilidade, resiliência e prover atenção integral, contínua e organizada à população adscrita².

 

 

 


Desta forma, no contexto da Atenção Básica/Atenção Primária à Saúde (AB/APS) recomendam-se dois tipos de mapas na Unidade Básica de Saúde (UBS): o mapa de delimitação geográfica/delimitação do território e o mapa inteligente1.
O mapa do território e/ou de delimitação geográfica tem por objetivo representar graficamente a área de responsabilidade da equipe de saúde de forma a permitir a visualização espacial do território e, com isso, auxiliá-la apreender suas particularidades1. Sugere-se que este mapa seja exposto na recepção da UBS. Ele pode ilustrar a divisão das microáreas do território de responsabilidade dos agentes comunitários de saúde (ACS) e também apresentar a localização da UBS e dos equipamentos sociais (escolas, creches, centros comunitários, clubes, igrejas e outros serviços) presentes em cada microárea.  Este mapa pode ser obtido através de um mapa territorial (geofísico) ou de ferramentas gratuitas da internet como Google Earth que localize a área da UBS e suas delimitações1.
Já o mapa inteligente é um instrumento para o planejamento, construído a partir do mapa do território e alimentado por informações geográficas, ambientais, sociais, demográficas e de saúde obtidas através do processo de territorialização1. Tem como objetivo melhorar a qualidade do serviço de saúde e pode ser feito por microárea. Não deve ficar exposto para população, e sim, permanecer em local de uso exclusivo da equipe de saúde, visto que registra a localização dos domicílios, famílias e marcadores de saúde.
O mapa inteligente pode apresentar, por exemplo, o fluxo da população através das ruas, os transportes utilizados e as barreiras geográficas que dificultam o acesso da população à unidade e na circulação no bairro; as características das moradias e seus entornos; as condições de saneamento básico, presença de esgotos a céu aberto e lixo, área abastecida por água tratada e fluoretada; infraestrutura urbanística: características da ocupação do espaço urbano, ruas, calçadas, praças, espaços de lazer e paisagismo; as condições do meio ambiente, como desmatamento ou poluição; os principais equipamentos sociais: escolas, creches, centros comunitários, clubes, igrejas e outros serviços que a população utiliza para desenvolver a sua vida no território; a presença de animais no entorno das residências e nas ruas; áreas de risco social de diversas ordens1,3.
No mapa inteligente também podem ser identificadas áreas de grupos em situação de risco ou vulnerabilidade, dados  demográficos e epidemiológicos. Exemplos de agravos ou situações de saúde que indiquem necessidade de acompanhamento da equipe de saúde, também chamados de marcadores de saúde: crianças menores de dois anos, gestantes, idosos acamados/domiciliados, pessoas com deficiência, com doenças crônicas, dentre outros1,3. Um mapa inteligente evidenciará informações que antes constavam ocultas1.
As equipes da Atenção Básica realizando a territorialização com a utilização dos mapas do território e inteligente atende o atributo da orientação comunitária, em que reconhecem as necessidades de saúde da comunidade, propiciando o planejamento e a avaliação dos serviços.

Bibliografia Selecionada:

  1. LACERDA, Josimari Telino de; BOTELHO, Lúcio José; COLUSSI, Cláudia Flemming. Planejamento na Atenção Básica. Florianópolis : Universidade Federal de Santa Catarina, 2012. (Eixo II: O Trabalho na Atenção Básica). Disponível em:<https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/1167> . Acesso em 19 abr 2016.
  2. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM de nº 2.488 de 21 de outubro de 2011. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção  Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2488_21_10_2011.html>. Acesso em 20 abr 2016.
  3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Autoavaliação para as equipes de Atenção Básica (AMAQ). 3 ed. (Equipes de Atenção Básica (Saúde da Família, Atenção Básica Parametrizada e de Saúde Bucal)). Disponível em: <http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/AMAQ_AB_SB_3ciclo.pdf>. Acesso em: 11 mar 2016.