Que condutas adotar para uma paciente gestante com quadro de nefrolitíase?

| 10 março 2016 | ID: sofs-23284
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , ,

O diagnóstico de nefrolitíase assintomática durante a gestação não requer medidas adicionais, apenas o seguimento do pré-natal normal. Contudo, quando ocorre cólica renal ou complicações decorrentes da nefrolitíase, medidas adicionais tornam-se necessárias. Nestes eventos, mais comuns nos últimos meses de gestação, há particularidades relacionadas ao quadro clínico, diagnóstico e tratamento específicos.
A ocorrência de nefrolitíase durante a gestação traz preocupações adicionas porque, além do sofrimento e riscos que pode trazer à gestante, aumenta significativamente do risco de amniorrexe prematura e trabalho de parto prematuro em 1,4 a 2,4 vezes (4,5,6). A cólica renal tipicamente ocorre quando há migração de um cálculo e obstrução em algum ponto do trato urinário. A dor não é causada pela presença do cálculo diretamente, mas decorre da distensão do trato urinário e da cápsula renal. A topografia frequentemente associada à obstrução neste contexto clínico é o ureter. Diante deste conjunto, deve-se, inicialmente, realizar medidas de suporte, incluindo uso de antieméticos, analgésicos e hidratação mínima. Deve-se selecionar as medicações levando em conta seu efeito, efeitos colaterais e segurança de uso durante a gestação. Após analgesia e compensação clínica da gestante com suspeita de cólica renal, deve-se estabelecer a estratégia terapêutica.

 


Tratamento medicamentoso – a ausência de infecção urinária associada à obstrução por cálculo; dor intratável a despeito das medidas clínicas e analgesia intensa; insuficiência renal aguda, em geral associada à obstrução bilateral ou em gestantes com rim único ou grande quantidade de contrações uterinas ocorrendo prematuramente.
Tratamento cirúrgico – cálculo ureteral associado a infecção urinária concomitante, insuficiência renal aguda ou dor intratável/recorrente.
Dentre as possibilidades de tratamento da nefrolitíase, a litotripsia extracorpórea por ondas de choque é contraindicada durante a gestação, devido ao risco de abortamento e descolamento de placenta.
Como alternativas terapêuticas, destacam-se: desobstrução da unidade renal através de implante de cateter ureteral tipo duplo jota; nefrostomia percutânea; ureteroscopia e tratamento definitivo do cálculo; e a cirurgia aberta/laparoscópica e a cirurgia renal percutânea que são raramente utilizadas e em situações de exceção.

SOF Relacionada:

  1. Qual indicação para litotripsia extracorpórea por ondas de choque em pacientes com nefrolitíase?

 

Bibliografia Selecionada:

  1. Korkes F, Rauen EC, Heilberg IP. Litíase urinária e gestação. J. Bras. Nefrol.  [Internet]. 2014  Sep [acessado 2016  Feb  24] ;  36 (3): 389-395. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-28002014000300389&lng=en.
  2. Eisner, BH; Reese, A, Sheth, S; Stoller, ML. Ureteral stone location at emergency room presentation with colic. J Urol 2009;182(1):165-8. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19450856
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  5. Sociedade Brasileira de Urologia; Sociedade Brasileira de Medicina da Família e Comunidade; Colégio Brasileiro de Radiologia. Nefrolitíase: abordagem urológica. Projeto Diretrizes, 31 janeiro 2011 Disponível em: http://diretrizes.amb.org.br/ans/nefrolitiase-abordagem_urologica.pdf [acesso em 23/02/2016]