Que tipo de fórmula infantil deve ser oferecida para crianças prematuras não amamentadas?

| 13 novembro 2015 | ID: sofs-23000
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,
Graus da Evidência:

De acordo com Weefort, para os prematuros não amamentados ao seio materno devem ser oferecidas fórmulas lácteas específicas para prematuros até 60 dias de idade corrigida a fim de atender suas necessidades específicas1. Essas fórmulas possuem uma composição diferenciada para oferecer os nutrientes que um bebê prematuro necessita, além de serem modificadas para facilitar a digestão2. Geralmente possuem mais proteínas, gorduras e nutrientes balanceados e adição de ácidos graxos específicos, essenciais para o desenvolvimento cerebral, visual e psicomotor2. Vale lembrar que muitas vezes esse tipo de fórmula é apenas um complemento, já que os especialistas no geral recomendam que o bebê prematuro seja alimentado com leite materno2.

Ainda, de acordo com o Manual de Seguimento Ambulatorial do Prematuro de Risco, da Sociedade Brasileira de Pediatria, fórmulas lácteas para o primeiro semestre (de partida) são alternativas ao aleitamento materno, podendo ser empregadas em conjunto com o mesmo se for necessário (aleitamento misto)3. Nos prematuros com ganho de peso subnormal para idade pós-concepcional ou com displasia broncopulmonar, patologia com necessidade de restrição hídrica, está indicado suplementar com altas ofertas de proteína, minerais e oligo-elementos, além de LC-PUFAS (ácidos graxos de cadeia longa poli-insaturados ômega 3), pelo menos até 52 semanas de idade corrigida3 – a idade corrigida pode ser calculada por meio da seguinte fórmula: idade cronológica em semanas – (40 semanas – idade gestacional em semanas ao nascimento)4. Como nestes casos mais graves o aleitamento materno é mais difícil, pois a longa permanência na UTI Neonatal gera maior nível de estresse e prejudica o pleno aleitamento materno, a al­ternativa é o uso de fórmulas lácteas mais concentradas3.


O Manual recomenda, para aumentar a oferta de proteína, minerais e oligo-elementos e manter a restrição hídrica, preparar uma medida do pó em 25 ml de água fervida, ao invés dos 30 ml recomendados pelo fabricante, o que resulta em densidade calórica 20% maior, obtendo-se com volume de 150 ml/kg/dia a oferta calórica de 120 Kcal/kg/dia3.

É importante reforçar para a família que o leite artificial é diferente do leite materno e, por esse motivo, é necessário que a diluição seja realizada de maneira correta para que a criança fique bem alimentada5. O modo de preparo varia segundo a fórmula utilizada e, por isso, é importante prestar atenção nas orientações que constam na embalagem do produto5. A colher que vem na lata serve para medir a quantidade de fórmula que deverá ser preparada para a criança5.  Além disso, cuidados com a higienização devem ser orientados, assim como deve ser reforçada a necessidade de utilização de água filtrada e/ou fervida, a não ser que seja mineral, para o preparo da fórmula5.

Por fim, é importante reforçar que o leite materno é sempre a primeira escolha na alimentação após a alta, contendo altas concentrações de ácido docosahexaenoico (DHA) e estando relacionado com melhor desempenho no neurodesenvolvimento3. Além disso, fornece crescimento harmônico, com ganho de peso adequado nos primeiros anos de vida3. Há evidências que apontam para um efeito anti-infeccioso da lacto­ferrina presente no leite humano5. Portanto, é importante estimular, se possível, que a mãe procure oferecer o leite materno, apoiando-a no sentido de poder amamentar o bebê prematuro.

Bibliografia Selecionada:

  1. Weefort VRS. Alimentação láctea no primeiro ano de vida. In: Textos científicos da Sociedade Mineira de Pediatria. Disponível em: http://somape.com.br/Alimenta%E7%E3o_l%E1ctea_SMP.pdf [acesso em 17 jun 2014].
  2. Brandão M. Fórmulas infantis: quando e como devem ser utilizadas. Disponível em: http://bebe.abril.com.br/materia/formulas-infantis-quando-e-como-elas-devem-ser-usadas [acesso em 17 jun 2014].
  3. Silveira RC. Nutrição do pré-termo de muito baixo peso: aspectos gerais e no primeiro ano de vida. In: SILVEIRA RC (ORG). Seguimento Ambulatorial do Prematuro de Risco. Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Neonatologia. 2012. p 30-34. Disponível em: em http://www.sbp.com.br/pdfs/Seguimento_prematuro_ok.pdf [acesso em 17 jun 2014].
  4. Brasil. Ministério da Saúde. Marco de referência da vigilância alimentar e nutricional na Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde; 2015. Disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/marco_referencia_vigilancia_alimentar.pdf [acesso em 16 out 2015].
  5. Brasil. Ministério da Saúde. Guia prático de preparo de alimentos para crianças menores de 12 meses que não podem ser amamentadas. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2006. 48 pp. Disponível em: http://189.28.128.100/nutricao/docs/geral/criancas_que_nao_podem_ser_amamentadas.pdf [acesso em 17 jun 2014].