Um usuário de marca-passo pode ter uma vida normal?

| 5 julho 2016 | ID: sofs-23967
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH:
Graus da Evidência:

O portador de marca-passo pode levar uma vida normal desde que não existam situações limitantes provocadas pela gravidade da doença cardíaca de base, como insuficiência cardíaca congestiva ou arritmias graves (1). Em geral, a maioria dos pacientes poderá retomar suas atividades diárias habituais cerca de 30 dias após o implante de um marca-passo (1). No que diz respeito a atividades físicas, o marca-passo não compromete a vida e o lazer dos pacientes que não apresentem limitações físicas e não possuam insuficiência cardíaca ou arritmias incapacitantes. Entretanto, é prudente evitar esportes de contato, como futebol e lutas marciais. Também deve ser evitado o esforço repetitivo da parte superior do corpo (musculatura do peitoral), como o levantamento de grandes pesos. Esportes leves, como natação, ginástica e hidroginástica, estão liberados (1).
A maioria dos aparelhos elétricos e eletrônicos de uso cotidiano não produz nenhuma interferência sobre o marcapasso. A rigor, apenas a ressonância magnética (1-3) e o colchão magnético devem ser evitados, mas já existem marcapassos muito modernos que podem ser programados para que esses dois aparelhos possam ser utilizados. Os seguintes aparelhos podem ser utilizados sem restrição: telefone celular, televisores, rádios, fones de ouvido, gravadores, aparelhos de som, Iphone, Ipad ou equipamentos audiovisuais similares, telefones sem fio, secadores de cabelos, barbeador elétrico, controle remoto, máquina de lavar roupa, aspirador de pó, enceradeira, ferro de passar roupa, forno micro-ondas, lava-louças, computador, aparelho de fax, copiadora, impressora, aparelhos de uso dos dentistas, medidores de pulso e pressão arterial, todos os aparelhos de cozinha etc (1,2). Outros aparelhos e equipamentos requerem consulta ao médico assistente.


COMPLEMENTAÇÃO

O marca-passo é um dispositivo eletrônico idealizado para corrigir determinadas doenças do coração, que reduzem a frequência dos batimentos cardíacos e produzem sintomas incapacitantes. O marca-passo artificial substitui o sistema elétrico natural do coração que, em condições normais, trabalha com cadência e frequência adequadas e responde de acordo com as necessidades do corpo humano. Ele é composto por um gerador (circuito eletrônico e uma bateria) e eletrodos, que são fios metálicos revestidos por uma fina camada de silicone. Conectados ao gerador, conduzem a eletricidade para o coração. (1).
O paciente que necessita de marca-passo tem um coração lento, o que chamamos de bradicardia. Batendo devagar, pode produzir sintomas como tonturas, vertigens, desmaios, cansaço, falta de ar e edema. Se o médico utilizar o marca-passo para que o coração volte a bater com frequência normal, haverá redução ou até mesmo desaparecimento dos sintomas (1).
Normalmente, o paciente pode retomar o seu estilo de vida habitual poucos dias após o implante, conforme dito anteriormente. Após 30 dias, depois que a incisão estiver completamente cicatrizada, poderá realizar tarefas domésticas, trabalhos de jardinagem, viajar e dirigir. Também poderá tomar banho de chuveiro, fazer fisioterapia, ginástica e nadar. No primeiro mês após a cirurgia, na maioria dos casos, o paciente poderá exercer sua profissão, dedicar-se a seus hobbies habituais, realizar novamente suas atividades esportivas ou sexuais sem problemas (1).
Os marca-passos atuais são amplamente protegidos contra a influência de aparelhos eletroeletrônicos. Porém, se o portador sentir algum sintoma, como aumento do batimento cardíaco, pulso irregular ou tontura, enquanto estiver próximo de um aparelho elétrico, deverá afastar-se imediatamente ou desligá-lo. Em caso de dúvida, o médico assistente deverá ser avisado sobre o evento (1).

Bibliografia Selecionada:

  1. Sociedade Brasileira de Cirurgia Vascular. Departamento de Estimulação Cardíaca Artificial. Sobre seu coração: implante de marcapasso definitivo. 2014. Disponível em: <http://www.deca.org.br/Publica/SobreSeuCoracao.aspx>. Acesso em: 16 jun 2016.
  2.  American Heart Association. Artificial Pacemaker: AHA Recommendation. 23/10/2014. Disponível em: <http://www.heart.org/HEARTORG/Conditions/Arrhythmia/PreventionTreatmentofArrhythmia/Artificial-Pacemaker_UCM_448480_Article.jsp#.V0TkIld1fXQ.. Acesso em: 16 jun 2016.
  3.  European Society of Cardiology. 2013 ESC Guidelines on cardiac pacing and cardiac resynchronization therapy. European Heart Journal, 2013 ; 34 : p. 2281–2329. Disponível em: <http://eurheartj.oxfordjournals.org/content/ehj/34/29/2281.full.pdf>. Acesso em: 16 jun 2016.