A prática de atividade física diminui o risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC)?

| 19 dezembro 2007 | ID: sofs-45
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,

No âmbito da APS, todo encontro deve ser utilizado para estimular a promoção da saúde, de maneira oportuna e contínua. Entre estas orientações, encontra-se a prática regular de atividade física, que pode reduzir o risco de AVC. A presente metanálise apresenta como principais limitações o número limitado de banco de dados utilizados para a revisão sistemática e a seleção de estudos publicados apenas em inglês, o que pode vir a conferir um viés de publicação. Outra limitação foi o vasto número de definições empregadas para classificar o grau de atividade física entre os estudos.
Entretanto, esta metanálise traz mais um elemento importante na fundamentação do papel da atividade física, de moderada a alta intensidade, na prevenção das doenças crônicas não transmissíveis, em especial o AVC.


Resumo e comentário por Marcelo Rodrigues Gonçalves e Eno Filho em 19 Dezembro 2007

Resposta baseada em evidência
De acordo com os estudos apresentados, concluiu-se que níveis moderados e altos de atividade física (AF) estão associados com redução do risco de AVC total, isquêmico e hemorrágico (RRR 27%, 21% a 34% para altos níveis de AF e de 20%, 9% a 15% para níveis moderados de AF, respectivamente).
Sumário das evidências
Para realização da metanálise aqui resumida e comentada, foi realizada pelos autores uma revisão sistemática nas bases de dados do MEDLINE e do Surgeon General’s report on physical activity and health, sendo a estratégia de busca identificar estudos que relatassem a associação entre atividade física, exercícios, atividade de lazer, AVC e doenças cardiovasculares.
Foram selecionados 23 estudos (18 coortes e 5 caso-controles).
Os critérios de inclusão foram: ser estudos de língua inglesa no qual AF e/ou desempenho cardio-respiratório fossem classificados como de baixa, moderada ou alta, ou então, de mínima a máxima intensidade.
Para a análise dos estudos de coorte e caso-controles, separadamente e combinados, foi utilizado o modelo de efeito fixo com variância geral. O teste de homogeneidade da associação foi feita pela estatística do qui-quadrado de Woolf. As análises estatísticas foram realizadas com o software STATA.
Os dados apresentam-se sumarizados na tabela abaixo:

Tabela 1. Risco Relativo Geral da Incidência de AVC ou Mortalidade para Indivíduos com Alta e Moderada Atividade Física (AF) versus Indivíduos com Baixa AF

Comparação da Atividade Tipo de AVC Nº de Estudos Risco relativo (IC 95%) P p do Teste de Homogeneidade
Todos estudos (coorte) Total 18 0.75 (0.69, 0.82) <0.001 0.80
Todos estudos (caso-controle) Total 5 0.36 (0.25, 0.52) 0.04 0.96
Todos estudos (combinado) Total 23 0.73 (0.67, 0.79) <0.001 0.78
Todos estudos (coorte) AVC Isq. 6 0.79 (0.69, 0.91) <0.001 0.58
Todos estudos (coorte) AVC hem. 3 0.66 (0.48, 0.91) <0.001 0.49
Baixo vs Moderado
Todos estudos (coorte) Total 15 0.83 (0.76, 0.89) <0.001 0.11
Todos estudos (caso-controle) Total 4 0.52 (0.40, 0.69) <0.001 0.15
Todos estudos (combinado) Total 19 0.80 (0.74, 0.86) <0.001 0.06
Todos estudos (coorte) AVC Isq. 4 0.91 (0.80, 1.05) <0.001 0.90
Todos estudos (coorte) AVC hem. 3 0.85 (0.64, 1.13) <0.001 0.62
Todos estudos (coorte)

Bibliografia Selecionada:

  1. Lee CD, Folsom AR, Blair SN. Physical activity and stroke risk: a meta-analysis. Stroke. 2003 Oct;34(10):2475-81. Disponível em: http://stroke.ahajournals.org/content/34/10/2475.full.pdf+html