A toxoplasmose detectada durante a gestação, além da alteração do IgM e/ou IgG, pode gerar outros sinais e sintomas?

| 24 novembro 2016 | ID: sofs-35733
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,
Graus da Evidência:
Recorte Temático:

Os sintomas da toxoplasmose aguda em gestantes podem ser transitórios e inespecíficos. Quando estão presentes, no máximo em 10% dos casos, geralmente limitam-se à linfadenopatia e à fadiga. A linfadenopatia pode persistir durante meses e comprometer apenas um único linfonodo. Menos frequentemente, tem sido descrita uma síndrome do tipo mononucleose caracterizada por febre, mal estar, faringite, cefaleia, mialgia e linfocitose atípica (1).


Complementação:
Se no primeiro exame solicitado na primeira consulta detecta-se anticorpos IgM, caso a gestação tenha menos de 16 semanas, deve ser feito imediatamente o teste de avidez de IgG, na mesma amostra de soro. Para isso, é importante uma pactuação prévia dessa conduta com os laboratórios de referência. Na presença de baixa avidez, pode-se estar diante de uma infecção aguda e, nesse caso, deve ser realizada a busca ativa da paciente e o tratamento com espiramicina precisa ser iniciado imediatamente. Na presença de alta avidez, deve-se considerar como diagnóstico de infecção antiga, não havendo necessidade de tratamento nem de testes adicionais. Nos exames realizados após 16 semanas de gestação, não há necessidade do teste de avidez, pois mesmo uma avidez alta não descartaria infecção adquirida durante a gestação, embora possa ser útil para ajudar a determinar a época em que ocorreu. É importante lembrar que em algumas pessoas a avidez dos anticorpos IgG permanece baixa por mais tempo, não sendo a avidez baixa uma certeza de infecção recente.
Com o objetivo de reduzir a morbimortalidade materno-infantil e ampliar o acesso ao cuidado com qualidade, é necessário que se identifiquem os fatores de risco gestacional o mais precocemente possível. Por esse motivo, é fundamental que os Profissionais da Estratégia da Saúde da Família estejam sempre capacitados/atualizados e acolham as mulheres logo no início de sua gestação. Dessa forma, um plano de cuidado apropriado para cada uma delas poderá ser elaborado de acordo com suas necessidades.

Notificação: de acordo com a Portaria número 204, de 17 de fevereiro de 2016, a notificação da toxoplasmose gestacional e congênita é compulsória semanal, isso é, deve ser realizada em até 7 (sete) dias a partir do conhecimento da ocorrência da doença.

Também é importante destacar que o acesso e a captação precoce das gestantes pela ESF são medidas fundamentais para o manejo de um pré-natal adequado.

Bibliografia Selecionada:

  1. Wong SY, Remington JS. Toxoplasmosis in pregnancy. Clinical Infectious Diseases 18: 853-862, 1994. Disponível em: https://academic.oup.com/cid/article-abstract/18/6/853/309419/Toxoplasmosis-in-Pregnancy?redirectedFrom=fulltext
  2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Surto de toxoplasmose adquirida, Anápolis-GO, fevereiro de  2006. Boletim eletrônico Epidemiológico. Ano 07, número 08, 16/11/2007. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2014/julho/16/Ano07-n08-toxoplasmose-adquirida-go-completo.pdf
  3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Gestação de alto risco: manual técnico.  – 5. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2010. 302 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) Disponível em: https://www3.fmb.unesp.br/emv/pluginfile.php/1614/mod_resource/content/4/manual%20-%20ar.pdf
  4. Centers for Disease Control and Prevention. DPDx – Laboratory Identification of Parasitic Diseases of Public Health Concern. Toxoplasmosis. Disponível em: https://www.cdc.gov/dpdx/toxoplasmosis/tx.html. Acesso em 20.09.2016