A utilização de anti histamínicos em crianças ou adultos com resfriado comum contribui para melhora clínica do paciente ou redução do tempo de doença?

| 13 dezembro 2007 | ID: sofs-43
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,
Graus da Evidência:

A utilização de anti-histamínicos não contribui para o alívio da congestão nasal, rinorréia ou crises de espirro em pacientes apresentando episódios de Resfriado Comum. Também não há benefícios com o uso destes medicamentos na redução do tempo de doença. Além disso, o grupo de pacientes que utilizou estes medicamentos apresentou mais efeitos colaterais (principalmente sedação) quando comparados aos pacientes do grupo placebo (Grau de Recomendação A).
A demanda de consultas em APS por quadros de resfriado comum é bastante alta. Anti-histamínicos são amplamente utilizados para redução dos sintomas em pacientes com Rinite Alérgica. Por serem os sintomas desta doença muito similares aos sintomas do Resfriado Comum, estes medicamentos passaram a ser prescritos por muitos médicos com o objetivo de alcançar alívio sintomático aos pacientes (crianças ou adultos) com Resfriado Comum. A destinação de gastos com aquisição de anti histamínicos pelos municípios que o fazem para dar respaldo a prescrições para resfriado comum deveria ser orientada para outras opções. Os pacientes deveriam ser protegidos de efeitos colaterais adversos sem benefícios que justifiquem sua tolerância.

 

 


Sumário das evidências
A resposta acima é embasada em uma Revisão Sistemática que incluiu 32 ensaios clínicos randomizados (ECR), controlados por placebo que avaliaram o uso de anti-histamínicos, sozinhos ou em combinação, no tratamento de adultos ou crianças com resfriado comum, resultando um total de 8.930 pacientes. Os principais desfechos medidos foram congestão nasal, rinorréia, espirros e melhora subjetiva do resfriado comum, além da avaliação dos efeitos adversos desta classe de medicamentos.
A síntese dos principais resultados envolvendo a comparação entre anti-histamínicos e placebo para pacientes com resfriado comum pode ser vista nas tabelas abaixo:

Anti-histamínicos e placebo para pacientes com resfriado

Desfecho / Estudos Tipo de tratamento Tempo de tratamento nº de estudos nº de pacientes Resultados (Razão de Chances IC 95%)
Melhora sintomática – todos os estudos Monoterapia 1-2 dias 5 3492 0,97 (0,85 – 1,12)
Melhora sintomática – todos os estudos Monoterapia 6-10 dias 4 2296 0,93 (0,77 – 1,12)
Melhora sintomática – anti-histamínicos de 1ª geração Monoterapia 1-2 dias 4 3429 0,93 (0,79 – 1,09)
Melhora sintomática – anti-histamínicos de 1ª geração Monoterapia 6-10 dias 4 2296 0,90 (0,74 – 1,08)
Efeitos adversos gerais – todos os estudos Monoterapia 11 3245 1,25 (1,04 – 1,50)
Efeitos adversos gerais – anti-histamínicos de 1ª geração Monoterapia 8 3030 1,25 (1,04 – 1,52)
Sedação – todos os estudos Monoterapia 8 3389 1,74 (1,32 – 2,29)
Sedação – anti-histamínicos de 1ª geração Monoterapia 6 3040 1,90 (1,39 – 2,59)

Bibliografia Selecionada:

  1. De Sutter An IM, Lemiengre Marc, Campbell Harry. Antihistamines for the common cold. Cochrane Database of Systematic Reviews. The Cochrane Library, Issue 2, Art. No. CD001267. Disponível em: http://cochrane.bvsalud.org/doc.php?db=reviews&id=CD001267&lib=COC Acesso em 18/mar/2015.