A depressão é bastante presente no nosso cotidiano da Atenção Primária à Saúde e pode ser tratada pela equipe da Estratégia de Saúde da Família (ESF). É uma patologia multifatorial e, assim, exige que tenhamos um olhar ampliado de saúde. Iniciaremos pela saúde mental em geral.
Trabalhar com saúde mental implica termos um olhar integral sobre o sujeito, sua cultura, sua família e seus valores. Isso exige que as intervenções não se limitem apenas ao tratamento medicamentoso (indicado nas depressões moderadas e graves) ou a psicoterapia individual, por exemplo.
No contexto da atenção primária à saúde, a saúde mental é um dos maiores motivos de busca de atendimento e deve ser acolhida pelas equipes de saúde da família. Qualquer profissional dessa equipe pode fazer a primeira escuta do usuário e depois discutir o caso com os colegas para pensar num melhor encaminhamento.
É importante que o profissional tenha bom vínculo com o paciente, que deve ser estabelecido com tempo e paciência. Sugiro que os ACS e/ou profissionais de referência para a família possam iniciar o vínculo através de visitas domiciliares. Os ACS auxiliam a equipe identificando os sinais e facilitando o acesso destes usuários ao serviço para que um possível diagnóstico seja feito pelo médico ou psicólogo. Deve-se estar atento para não “rotular” como depressão quadros em que o usuário apresenta é somente tristeza (por exemplo em um luto ou em uma separação). Depressão é diferente de tristeza.
- Facilitar o acesso para os usuários que apresentam sinais e sintomas de depressão, especialmente para aqueles que não vão à unidade de saúde (exemplo: agendamento de consultas médicas, levar a consulta agendada em visita domiciliar).
- Avaliar necessidade de atendimento domiciliar para os que se recusam a ir à unidade.
- Traçar a rede de apoio familiar e social dos usuários deprimidos (tem suporte familiar? Tem trabalho? Tem amigos? Tem lazer? Atividade religiosa?), o que os ajuda a perceber e mapear recursos que os auxiliem durante o tratamento.
- Incentivar o tratamento, pois é um transtorno que “tem cura”.
- sobre coisas do dia-a-dia que o indivíduo gostava de fazer, como, por exemplo, ver uma novela, brincar com o cachorro, ler o jornal, escutar música… A seguir, pergunte se ele continua fazendo e tendo prazer ao fazer tais atividades;
- se ele se anima com coisas positivas que estão para acontecer, se tem esperança;
- se a tristeza que ele está sentindo é diferente da tristeza que ele já sentiu quando viveu outras situações difíceis;
- sobre desejo de estar morto, ou de se matar.
- incentivo à prática de atividades físicas e esportivas
- incentivo para atividades de lazer e culturais
- oficina de artesanato e atividades manuais
- grupos de mulheres
- participação e mobilização comunitária (no conselho local/municipal de saúde, na associação de moradores, no clube de mães, nas igrejas, na horta municipal, entre outros)
- Como identificar sintomas de depressão durante a visita do Agente Comunitário de Saúde?
- Como o Agente Comunitário de Saúde pode auxiliar no reconhecimento de sinais e sintomas de usuários com depressão para um diagnóstico precoce?
- Quais os sintomas de depressão e como trabalhar com pessoas deprimidas?
- Quais são os sinais e sintomas de transtornos de humor (ansiedade e depressão) que podem ser usados em uma estratégia de rastreamento populacional?
- Como o Agente Comunitário da Saúde pode identificar sinais de depressão pós-parto?
- Quais orientações os agentes de saúde podem prestar para pacientes com depressão e familiares?