Como deve ser o manejo da dor lombar em ambiente de APS?

| 22 julho 2010 | ID: sofs-4755
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,
Graus da Evidência:

A avaliação clínica da dor lombar deve enfocar três aspectos principais: – descartar doença sistêmica subjacente; – identificar comprometimento neurológico que requeira avaliação cirúrgica; – considerar a existência de fatores psicológicos ou sociais que possam amplificar ou prolongar a dor.
Para a maioria dos pacientes, essas questões poderão ser respondidas após anamnese e exame físico detalhados. Devido ao curso geralmente benigno da lombalgia e ao fato de ser raramente atribuível a qualquer lesão anatômica específica, efetuar uma busca exaustiva da causa em todos os pacientes seria frustrante e dispendioso.
Na ausência de sinais de alerta, a abordagem diagnóstica inicial deve ser sempre conservadora, dispensando a solicitação de exames complementares. A investigação precoce com exames de imagem deve ser restringida aos pacientes com maior probabilidade de doenças graves e raras.


Sinais de alerta

SUGESTIVO DE CAUDA ESQUINA

SUGESTIVO DE FRATURA ESPINHAL

No tratamento da maior parte das lombalgias agudas, sejam elas mecânicas de origem idiopática/inespecífica (cerca de 70%), causadas por osteoartrose (cerca de 10%) e mesmo boa parte das lombociatalgias (5%), o manejo é prioritariamente ambulatorial e coordenado pelo médico especialista em Atenção Primária à Saúde (APS).
Tem como objetivo aliviar a dor, reduzir o espasmo muscular, melhorar a amplitude e força dos movimentos e, em última análise, melhorar o estado funcional do paciente. Os pilares do tratamento conservador são:

Orientações:

Medicamentos: Devem ser prescritos com o intuito de reduzir a dor e manter a pessoa ativa

Em casos de dores leves o Paracetamol pode ser uma escolha segura. No entanto lombalgia moderada ou acompanhada de ciatalgia responde melhor a AINEs, que devem ser mantidos enquanto paciente retorna gradualmente suas atividades habituais.
Opióides podem ser utilizados quando AINEs e demais medidas conservadoras não estão obtendo analgesia suficiente. A associação tanto com Paracetamol quanto com AINE é eficaz. Nos casos de dor lombar crônica, doses baixas de antidepressivos tricíclicos também podem ser uma alternativa terapêutica.
Diazepam ou Ciclobenzaprina podem ser utilizados por curtos períodos (2-5 dias) nos casos de dor lombar aguda quando detecta-se importante contratura muscular paraespinhal.

Terapias físicas: O encaminhamento para fisioterapia costuma ser reservado para aqueles pacientes que persistem com lombalgia por mais de três semanas, quando diminui a probabilidade de melhora espontânea da dor. A fisioterapia tem papel fundamental no tratamento da dor lombar crônica contribuindo para o alívio da dor e melhora do estado funcional do paciente.

Acupuntura: de acordo com o Clinical knowledge Summaries, curso de acupuntura de pelo menos 10 sessões em até 12 semanas está indicado no manejo da lombalgia crônica.

Bibliografia Selecionada:

  1. Soibelman M, Schenato CB, Restelli VC. Dor Lombar. In: Duncan BB, Schmidt MI, Giugliani ERJ. Medicina ambulatorial: condutas em atenção primária baseadas em evidência. 3a ed. Porto Alegre: Artmed; 2004. p. 1219-31.
  2. Chou R. Subacute and chronic low back pain: Pharmacologic and noninterventional treatment [Internet]. Waltham, MA: UpToDate 17.3; 2009 . Disponível em: http://www.uptodate.com/patients/content/topic.do?topicKey=~Ca632uVzF_usNC Acesso em: 21 mai 2010.
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