O aumento no consumo de frutas e verduras diminui o risco de AVC?

| 3 dezembro 2007 | ID: sofs-41
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , , ,
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Recorte Temático:

De acordo com os estudos apresentados, o aumento na ingesta de frutas e verduras está associado com a diminuição do risco de AVC (redução de 11% entre os que consumiram de 3 a 5 porções/dia e de 26% para quem consumiu mais de 5 porções/dia).
A interação educativa com a população é uma perspectiva própria ao trabalho de Atenção Primária à Saúde (APS). A ingesta diária média nos países pesquisados (EUA, Finlândia, Dinamarca, Japão e Holanda) foi de 3 porções diárias de frutas e vegetais, estando abaixo desta recomendação. Nada indica que a situação seja melhor no Brasil. Isto destaca a relevância dessa tarefa educativa em saúde. Tais dietas, segundo a literatura também podem reduzir o risco para outras doenças cardiovasculares e cânceres.
Os estudos utilizados foram os melhores delineamentos disponíveis para este tipo de avaliação (coortes prospectivos, com grandes amostras e longo tempo de seguimento), já que ensaios clínicos randomizados desta magnitude são difíceis de implementar.
Esta metanálise vem corroborar as recomendações dadas cotidianamente em ambulatórios e serviços de APS, com especificações quanto a quantidade de frutas e vegetais a serem consumidos diariamente e o respectivo efeito na redução do risco de AVC. Adoção de políticas públicas e individuais que estimulem o consumo de frutas e vegetais em quantidades adequadas deve ser encorajada.


Sumário das evidências
Os principais estudos envolvidos nesta metanálise foram Nurses’ Health Study; Health Professionals’ Follow-up Study; Finland; First National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES I); Danish Diet, Cancer and Health Study; Life Span Study; Atherosclerosis Risk in Communities (ARIC); Zutphen Study; e Framingham Study, provenientes de nove coortes independentes, totalizando 257.551 participantes e 4917 eventos, com um acompanhamento médio de 13 anos.
Os critérios de inclusão foram: estudos de coorte prospectivos; ter relatado o risco relativo (RR) ou hazard ratio (HR) e seus intervalos de confiança (IC95%), relacionando-os a cada categoria (frutas e vegetais); apresentar a freqüência do consumo de frutas e vegetais e, por fim, permitir a padronização da ingesta entre os diversos estudos. Foi utilizado como uma porção média diária 80 g de frutas e 77 g de vegetais. Nesta metanálise, o consumo médio foi de 391 g/dia.
A comparação entre as categorias de ingesta de frutas e vegetais deu-se através do modelo de efeito randômico, devido a presença de significativa heterogeneidade entre os estudos. As análises estatísticas foram feitas com o software Cochrane Collaboration Review Manager 4.2.1 e SPSS.
Os dados apresentam-se sumarizados na tabela abaixo:

Tabela 1. Risco Relativo para AVC (IC 95%) na metanálise, de acordo com as variáveis do estudo

No de coortes No de participantes (eventos) Ingesta de frutas e vegetais (porções diárias)
<3 3 a 5 >5
Sexo
Masculino 5 81 530 (1949) 1 0•83 (0•77–0•89) 0•71 (0•63–0•80)
Feminino 2 99 067 (1600) 1 0•95 (0•88–1•04) 0•76 (0•69–0•83)
Duração do seguimento
<10 anos 3 119 686 (1384) 1 0•85 (0•78–0•92) 0•75 (0•64–0•88)
> 10 anos 6 137 865 (3533) 1 0•92 (0•82–1•04) 0•73 (0•68–0•79)
Método avaliação da dieta
Quest. Freq. alimentar 7 256 167 (4778) 1 0•91 (0•84–0•97) 0•74 (0•69–0•79)
Outros* 2 1384 (139) 1 0•70 (0•52–0•95) 0•60 (0•40–0•91)
Aplicação do instrumento de
Auto-aplicado 5 234 619 (3676) 1 0•87 (0•82–0•93) 0•74 (0•69–0•80)
Entrevista 4 22 932 (1241) 1 0•91 (0•72–1•16) 0•69 (0•56–0•85)
Subtipo de AVC
Isquêmico 7 247 391 (2195) 1 0•88 (0•79–0•98) 0•72 (0•66–0•79)
Hemorrágico 3 66 666 (358) 1 0•92 (0•81–1•05) 0•73 (0•61–0•87)
Ingesta alimentar
Frutas 6 235 171 (3718) 1 0•89 (0•82–0•98) 0•72 (0•66–0•79)
Vegetais 6 235 171 (3718) 1 0•93 (0•82–1•06) 0•81 (0•72–0•90)

* Um estudo utilizou Recordatório Alimentar

 

Bibliografia Selecionada:

  1. He FJ, Nowson CA, MacGregor GA. Fruit and vegetable consumption and stroke: meta-analysis of cohort studies. Lancet. 2006 Jan 28;367(9507):320-6. Disponível em: http://ac.els-cdn.com/S0140673606680690/1-s2.0-S0140673606680690-main.pdf?_tid=b2eef870-bd29-11e4-8084-00000aacb35f&acdnat=1424894932_c9a0f5c900ac52bcc37ede299f60d695