O tratamento da vaginose bacteriana na gravidez é efetivo na redução de efeitos adversos perinatais?

| 20 dezembro 2007 | ID: sofs-46
CIAP2:
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Graus da Evidência:

Os autores desta revisão não apóiam a triagem de todas as gestantes para vaginose bacteriana assintomática e o seu tratamento visando à redução de parto prematuro. Porém, quando o tratamento é feito antes das 20 semanas de gestação, parece haver uma real redução do risco de parto prematuro, mas este efeito precisa ser confirmado em mais estudos.
É importante notar que a alta taxa de resolução espontânea da vaginose bacteriana pode ter prejudicado a medida do efeito do tratamento com antibiótico. Outros efeitos podem não ter sido identificados por causa da grande diversidade entre os estudos (diagnóstico de vaginose bacteriana, tipo e tempo de tratamento).
Quanto à vaginose bacteriana sintomática em gestantes, pouco se sabe sobre a sua associação com efeitos adversos perinatais, pois a grande maioria foi tratada com antibióticos. Atualmente, as pesquisas nesta área devem focar na identificação de subgrupos de gestantes com vaginose bacteriana com alto risco para eventos adversos perinatais.

 


Resumo e comentário por Camila Giugliani e Eno Filho em 20 Dezembro 2007

Resposta baseada em evidências
Nas análises sem estratificação, o tratamento com antibiótico esteve associado com a erradicação da vaginose bacteriana, mas não com a redução de efeitos adversos perinatais, como parto prematuro, baixo peso ao nascer ou ruptura prematura de membranas, independente do tipo de tratamento (oral ou intravaginal,metronidazol ou clindamicina). Nas análises estratificadas, os autores demonstraram que nos casos de presença de flora anormal ou em que o tratamento foi feito antes das 20 semanas de gestação houve redução significativa de parto prematuro.
Sumário das evidências
Quinze artigos (todos ensaios clínicos randomizados, comparando antibiótico com placebo ou nenhum tratamento ou comparando dois ou mais antibióticos diferentes), somando 5888 mulheres, foram incluídos nesta metanálise e considerados de boa qualidade. As intervenções avaliadas foram muito variadas em relação ao tipo de tratamento (oral ou intravaginal,metronidazol ou clindamicina) e ao tempo de administração.

Tratamento da vaginose bacteriana na gravidez

Desfecho Nº de estudos avaliando o desfecho Nº de participantes Tamanho do efeito: Peto OR (IC 95%)
Erradicação da vaginose bacteriana 10 4357 0,17 (0,15-0,20)
Parto prematuro < 37 semanas 15 5888 0,91 (0,78-1,06)
Ruptura prematura de membranas 4 2579 0,88 (0,61-1,28)
Baixo peso ao nascer 7 4107 0,95 (0,77-1,17)
Parto prematuro < 37 semanas (tratamento < 20 semanas) 5 2387 0,63 (0,48-0,84)
Parto prematuro < 37 semanas (em mulheres com parto prematuro prévio) 5 622 0,83 (0,59-1,17)
Ruptura prematura de membranas (em mulheres com parto prematuro prévio) 2 114 0,14 (0,05-0,38)
Baixo peso ao nascer (em mulheres com parto prematuro prévio) 2 114 0,31 (0,13-0,75)
Parto prematuro < 37 semanas (em mulheres com flora vaginal anormal) 2 894 0,51 (0,32-0,81)

Bibliografia Selecionada:

  1. McDonald Helen Margaret, Brocklehurst Peter, Gordon Adrienne. Antibiotics for treating bacterial vaginosis in pregnancy. Cochrane Database of Systematic Reviews. In: The Cochrane Library, Issue 2, Art. No. CD000262. Disponível em: http://apps.who.int/rhl/reviews/langs/CD000262.pdf