(SOF Arquivada) Por que meninas menores de 14 anos devem ser vacinadas contra o HPV?

| 5 julho 2016 | ID: sofs-23961
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , ,
Graus da Evidência:
Recorte Temático:

SOF atualizada: https://aps-repo.bvs.br/aps/por-que-meninas-menores-de-14-anos-devem-ser-vacinadas-contra-o-hpv-2/

O Ministério da Saúde estabeleceu essa faixa etária como público alvo da vacinação na rede pública, tendo em vista que a vacina é altamente eficaz nas meninas de 9 a 13 anos antes do início sexual, ou seja, antes da exposição ao vírus e com maiores chances de proteção contra lesões que podem provocar o câncer uterino (1).  A Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) reafirma que, após dez anos de uso desta vacina nos programas de imunização de diversos países, há evidências significativas de sua segurança, eficácia e eficiência na prevenção do câncer do colo do útero (2).


COMPLEMENTAÇÃO

O Câncer do colo do útero é o terceiro tipo mais frequentes entre mulheres brasileiras e a quarta causa de morte na população feminina, atrás do câncer de mama e colorretal. Receber a vacina na adolescência é o primeiro de uma série de cuidados que a mulher deve adotar para a prevenção do HPV e do câncer do colo do útero. Logo, é preciso entender que a imunização não substitui a realização do exame preventivo e nem o uso do preservativo nas relações sexuais. O Ministério da Saúde orienta que mulheres na faixa etária dos 25 aos 64 anos façam o exame preventivo, o Papanicolau, a cada três anos, após dois exames anuais consecutivos negativos (2).
O papilomavírus humano, conhecido como HPV, é um vírus que se instala na pele ou em mucosas, com alto potencial de transmissão, sendo esta por via sexual. Estima-se que aproximadamente 75% dos indivíduos que iniciam a vida sexual tornam-se infectados em algum momento da vida. (3)
Há mais de 100 diferentes tipos de HPV. Alguns destes tipos podem provocar câncer e outros podem causar verrugas genitais. Existem 12 tipos identificados como de alto risco (HPV tipos 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58 e 59) que têm probabilidade maior de persistir e estar associados a lesões pré-cancerígenas. O HPV de tipos 16 e 18 causam a maioria dos casos de câncer de colo do útero em todo o mundo (cerca de 70%) (4).
A vacina HPV quadrivalente confere proteção contra HPV 6, 11, 16 e 18, ou seja, abrange os dois principais tipos responsáveis pelo câncer de colo do útero. Essa vacina foi incluída no Calendário Nacional de Vacinação do SUS em março de 2014, tendo como população-alvo as meninas de 11 a 13 anos de idade. Em 2015, a oferta da vacina foi ampliada para as meninas na faixa etária de 9 a 13 anos de idade (4).
O Ministério da Saúde adotava o esquema vacinal estendido, composto por três doses (0, 6 e 60 meses), entretanto, para meninas de 9 a 13 anos, o esquema vacinal mudou para duas doses (0 e 6 meses). A mudança se deu com base em estudos que comprovaram a efetividade da imunização em duas doses em meninas nessa faixa etária. Para as demais faixas etárias devem ser aplicadas as três doses. A vacinação poderá ocorrer nas Unidades de Saúde do SUS e em parceria com as Secretarias de Saúde e Educação (4).

ATRIBUTOS APS

A grande preocupação com relação ao HPV constitui-se no risco de desenvolvimento de câncer, principalmente o câncer do colo do útero. Portanto a melhora do acesso aos serviços de saúde e à informação é de suma importância (acesso).
A prevenção primária do câncer do colo do útero está relacionada à diminuição do risco de contágio pelo HPV, tornando assim fundamentais, além da vacinação contra HPV, as ações de educação em saúde voltadas à promoção da saúde e prevenção dos fatores de risco da doença. As ações educativas devem abordar informações quanto ao HPV e ao câncer de colo de útero; a vacinação contra HPV, incluindo seus objetivos e resultados esperados; a realização periódica do rastreamento do câncer; ao diagnóstico e tratamento do câncer; a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis; ações que valorizem a participação das adolescentes e favoreçam a sua autonomia, estimulando-as a assumirem comportamentos saudáveis (integralidade, longitudinalidade e coordenação de cuidados).
É igualmente relevante que a informação sobre o HPV seja disponibilizada para a comunidade em linguagem clara para facilitar o entendimento e a eficácia da ação de prevenção/diagnóstico precoce (competência cultural).

Bibliografia Selecionada:

  1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis. Coordenação-Geral do Programa Nacional de Imunizações. Informe técnico sobre a vacina contra o papilomavírus humano (HPV) na atenção básica. Adaptado pelo Programa Estadual de Imunizações – RS. Atualizado em 31/01/2014. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: <http://www.saude.rs.gov.br/upload/1391701778_Informe%20Tecnico_Introducao%20vacina%20HPV.pdf>. Acesso em: 16 jun 2016.
  2. Brasil. Ministério da Saúde. Portal da Saúde. Ministério da Saúde realiza mobilização para incentivar vacinação contra HPV. 11/04/2016. Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/agencia-saude/22880-ministerio-da-saude-realiza-mobilizacao-para-incentivar-vacinacao-contra-hpv>. Acesso em: 16 jun 2016.
  3. Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e insumos estratégicos. Departamento de Gestão e incorporação de tecnologias em saúde. Vacina contra HPV na prevenção de câncer do colo do útero. Brasília : Ministério da saúde, 2013 (Relatório de recomendação  da comissão nacional de incorporação de Tecnologia no SUS – Conitec – 82). Disponível em: <http://conitec.gov.br/images/Incorporados/VacinaHPV-final.pdf>. Acesso em: 16 jun 2016.
  4. Brasil. Ministério da Saúde. Portal Brasil. Campanhas. Campanha contra o HPV. Disponível em: <http://portalarquivos.saude.gov.br/campanhas/hpv/o-que-e.html>. Acesso em: 16 jun 2016.