BRASIL. Ministério da Saúde. Agência nacional de Vigilância Sanitária. Instrução normativa n° 02 de 13 de maio de 2014. Diário Oficial. República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 2014.
A Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek, conhecida popularmente como espinheira santa, pode ser utilizada nas gastrites, dispepsias e no tratamento coadjuvante de úlceras pépticas. Atua como reguladora das funções estomacais e promove a proteção da mucosa gástrica1,2,3.
Em revisão realizada sobre as propriedades farmacológicas da Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek, há relato de dois ensaios clínicos sobre a atividade da planta em pacientes com dispepsias e úlcera péptica. Em uma das pesquisas, os pacientes que utilizaram liofilizados (ausência de água, e bactérias no extrato) de espinheira santa apresentaram melhora significativa da sintomatologia dispéptica global e dos sintomas de azia e gastralgia, comparado ao grupo placebo. O segundo estudo investigou vinte pacientes portadores de úlcera péptica, os quais dez receberam tratamento com cápsulas diárias de liofilizado de espinheira santa e dez receberam placebo. Devido ao número de desistências e a cicatrização de úlceras também ter ocorrido no grupo placebo os resultados não foram estatisticamente relevantes. Ressalta-se a necessidade do aprofundamento das pesquisas clínicas em um maior número de pacientes que deverá ser observado por um período de 4 a 6 meses para que se possa ter uma resposta conclusiva sobre o efeito cicatrizante da espinheira-santa, já que os estudos de farmacologia pré-clínica são positivos2.
Além da Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissekexistem outras espécies conhecidas popularmente como espinheira santa conforme se observa no quadro abaixo:
Nome científico
Nome popular
Uso popular
Partes usadas
Via, Forma de utilização posologia e modo de usar
Efeitos adversos e toxicologia
Contra-indicação
Espinheira-santa
Azia, dispepsias, úlceras
Folhas
Infusão com uma colher de sobremesa de folhas em uma xícara de água quente 3 vezes ao dia
Pode diminuir a produção de leite
Evitar em grávidas e lactantes.
Maytenus aquifolia
Família: Celastraceae
Espinheira-santa
Azia, dispepsias, úlceras, mesmo uso da M. ilicifolia
Folhas
Infusão com uma colher de sobremesa de folhas em uma xícara de água quente 3 vezes ao dia
Espinheira santa, chincho, folha da serra, ñanboyta
Azia, gastrites
Folhas
Infusão da folha
Não há relatos
Não há relatos
Como não há muitos estudos da utilização das outras espécies de espinheira santa optou-se for dar ênfase aos aspectos terapêuticos e toxicológicos da Maytenus ilicifoliaMart. ex Reissek..As ações dessa plantana úlcera péptica e gastrite envolvem mais de um mecanismo de ação e não se deve somente a um princípio ativo específico, mas a diferentes fitocomplexos, dentre esses, pode-se citar os terpenos, taninos, ácidos fenólicos e flavonoides2.
Modo de uso (pessoas acima de 12 anos)Infuso: tomar 150 mL (3g das folhas secas em 150ml de água) logo após o preparo, três a quatro vezes ao dia1.
Cápsulas: Tomar 2 cápsulas 3x ao dia (padronização de 13,3mg de taninos totais por cápsula) dose diária de 60 a 90 mg de taninos totais expressos em pirogalol4.
Tintura: tomar 10 a 20mL (da tintura a 20%) dividido em 2 ou 3 doses, diluído em água5.
Contra-indicações:
Pacientes com histórico de hipersensibilidade e alergia a Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek. O infuso ou medicamento fitoterápico não é recomendado durante a lactação e a gravidez, pois diminui a produção de leite e pode provocar contrações uterinas4. Não há relatos na literatura de interações medicamentosas6.
É importante lembrar que os medicamentos fitoterápicos a base de M. ilicifolia fazem parte da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME). As formas farmacêuticas recomendadas são: cápsula, emulsão, solução oral e tintura, logo, as equipes de saúde podem inclui-los na Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (REMUME) e adquiri-los pelo componente básico da Assistência Farmacêutica3.
A recomendação da utilização da Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek em pacientes com úlcera gástrica mostra-se favorável, possui baixa densidade tecnológica, fácil acesso e baixo custo, além de valorizar o saber popular, corroborando o princípio da integralidade da atenção. Ressalta-se a importância da educação permanente na atualização periódica de evidências clínicas que corroborem a etnofarmacologia da planta.
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