Quais os riscos de uma gravidez acima dos 45 anos de idade?

| 8 agosto 2013 | ID: sofs-5548
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,
Graus da Evidência:

Define-se gestação tardia aquela que ocorre após os 35 anos de idade. Entretanto, muitos ainda subdividem o grupo entre mulheres até 40 anos e com mais de 40 anos, por ser evidente o aumento do risco materno e perinatal ultrapassada a quarta década de vida da mulher. Dados de 2006 do DATASUS mostram um aumento de 7,9 para 9,6% de gestações neste período da vida. As mulheres que engravidam mais tardiamente, em grande parte dos casos, apresentam ótimo estado de saúde, gestações planejadas e desejadas, muitas vezes de reprodução assistida, não raro pela redução de fertilidade que a idade representa. Além desse grupo, que seria o de menor risco e melhores condições socioeconômicas, entre as gestantes tardias estão também aquelas que foram mães mais cedo e agora são multíparas, com ou sem outras doenças (comorbidades) associadas, e que se tornam um contingente vulnerável a merecer atenção especializada. Em países desenvolvidos, a gestação em mulheres acima de 35 anos aumentou substancialmente, como nos Estados Unidos em 2005, em que 14,4% das gestações foram de mulheres acima de 35 anos. A média de idade ao primeiro parto também aumentou para 25,2, 28,3 e 29,6 anos, respectivamente para os Estados Unidos, Suécia e Canadá. Nos países em desenvolvimento, grande parcela das gestações tardias é de mulheres com maior risco obstétrico, as quais começaram a vida reprodutiva mais cedo e trazem o problema inerente à multiparidade.
A gravidez na mulher entre os 40 e 45 anos é relatada na literatura médica e deve ser uma preocupação dos profissionais que dela cuidarão. Algumas publicações têm denominado as mulheres com mais de 40 anos de “grávidas pré-menopáusicas” ou grávidas “maduras” e isso já pode fornecer uma ideia sobre a baixa fertilidade nesse período. Realmente, existe uma progressiva diminuição da fertilidade (capacidade de engravidar) com o aumento da idade nessa época da vida da mulher por uma diminuição gradual da função ovariana e alterações hormonais características desta idade. A grande maioria das gestações ocorridas a partir dos 40 anos é de mulheres multíparas (várias gestações anteriores), que engravidam; frequentemente após decorrido longo período desde sua última gestação ou parto,  período esse geralmente superior a 10 anos. Só mais recentemente, com o declínio da fecundidade das populações, é que a primeira gravidez em mulheres com idade mais elevada passou a constituir uma preocupação obstétrica também nos países em desenvolvimento. Entretanto, a primiparidade (primeira gestação) é a principal característica da gestação em mulheres com idade mais elevada nos países desenvolvidos.
Há praticamente um consenso entre os profissionais da saúde sobre o pior prognóstico materno e perinatal (bebê recém-nascido) da gestação em mulheres de 40 anos ou mais, quando comparadas a mulheres mais jovens. Entretanto, quando se consideram os riscos associados à gravidez de mulheres idosas, é importante ver se esses fatores são determinantes ou apenas acompanham a idade, e também a paridade, na ocorrência de piores resultados.


Existe documentação importante na literatura médica mostrando a associação entre idade materna igual ou superior a 35 anos e resultados perinatais adversos (problemas no bebê). Em relação às mulheres mais jovens, ocorrem mais abortamentos espontâneos, mais abortamentos induzidos e maior número de natimortos. O baixo índice de Apgar ao nascimento, que mostra as más condições vitais do recém nato, costuma estar associado às gestações em idades mais avançadas. Existe maior ocorrência de malformações congênitas decorrentes das gestações das mulheres nessa faixa etária. As anomalias consequentes às alterações cromossômicas aumentam consideravelmente com o avançar da idade das mulheres no momento da gravidez.
Casos que preencham critérios para pré-natal de alto risco, devem ser encaminhados para os ambulatórios especializados, através da referência e contra-referência. Recomenda-se que o acompanhamento seja realizado ao mesmo tempo na ESF, desta forma sendo feita uma adequada coordenação do cuidado. O ACS deve estar atento para fazer busca ativa destas mulheres, pois é obrigação da equipe saber  onde estão e auxiliá-las no que for preciso.

SOF Relacionada:

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