Quais são os sinais e sintomas de transtornos de humor (ansiedade e depressão) que podem ser usados em uma estratégia de rastreamento populacional?

| 10 agosto 2009 | ID: sofs-2251
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , , , ,
Graus da Evidência:

ANSIEDADE – O quadro clinico de ansiedade é caracterizado por sintomas somáticos, cognitivos, comportamentais, emocionais e perceptivos. Os sintomas somáticos são inúmeros, principalmente sintomas de excitação autonômica não-explicáveis por outro diagnóstico clínico.
Os sintomas somáticos frequentemente observados nos transtornos de ansiedade, são: – Dor torácica, palpitação, taquicardia; – Dispnéia, taquipnéia, hiperventilação; – Dor e desconforto epigástrico; – Cefaléia, tonturas e parestesias; – Tensão muscular; – Tremores; – Sudorese; – Boca seca; – Calorões e calafrios; – Insônia; – Poliúria; – Disfagia; -Palidez; – Rubor.
Cognitivamente, a ansiedade é caracterizada por dificuldade de concentração, pensamentos catastróficos, hipervigilância, medo de perder o controle ou de enlouquecer. No comportamento, pode apresentar inquietude, isolamento e esquiva. Emocionalmente, a pessoa apresenta medo, apreensão, irritabilidade e impaciência. Finalmente, a percepção pode encontrar-se alterada, com despersonalização, desrealização e hiperacusia, ou hiper-reatividade geral aos estímulos.
DEPRESSÃO – O diagnóstico de depressão deve ser concebido como uma categoria arbitrariamente definida de um fenômeno dimensional. Em um extremo, tem-se a depressão “normal”, fenômeno humano universal, e, no outro as depressões graves com sintomas psicóticos. O ponto de corte que determina o limite da normalidade leva em consideração a intensidade, a duração, a persistência, a abrangência, a interferência com o funcionamento fisiológico e psicológico e a desproporção em relação a um fator desencadeante. No entanto, perguntas simples podem melhorar a detecção de depressão e deveriam ser rotineiramente incorporadas às entrevistas realizadas pelos profissionais de saúde.


Perguntas para rastreamento de depressão. Teste de duas questões:
1 – Durante o último mês, você se sentiu incomodado por estar “para baixo”, deprimido ou sem esperança?
2 – Durante o último mês, você se sentiu incomodado por pouco interesse ou prazer para fazer as coisas?
Critério diagnóstico: Sim para duas questões (sensibilidade = 96%; e especificidade = 57%)

Escala de Goldberg para detecção de depressão:

  1. Você vem tendo pouca energia?
  2. Você vem tendo perda de interesse?
  3. Você vem tendo perda de confiança em si mesmo?
  4. Você tem se sentido sem esperança? (se sim para qualquer uma, continue)
  5. Você vem tendo dificuldade para concentrar-se?
  6. Você vem tendo perda de peso (devido ao pouco apetite)?
  7. Você tem acordado cedo?
  8. Você vem se sentindo mais “devagar”?
  9. Você tende a se sentir pior pela manhã?

Critério diagnóstico: Sim para três ou mais (sensibilidade = 85%; especificidade = 90%)

Os modernos sistemas classificatórios em psiquiatria operacionalizam o diagnóstico de depressão, facilitando seu reconhecimento e a comunicação científica entre profissionais. Segundo o CID – 10, a depressão é diagnosticada quando os critérios mostrados a seguir são preenchidos.

– Sintomas Fundamentais: Humor deprimido; Perda de interesse; e Fatigabilidade
– Sintomas Acessórios: Concentração e atenção reduzidas; Auto-estima e autoconfiança reduzidas; Ideias de culpa e inutilidade; Visões desoladas e pessimistas do futuro; Ideias ou atos autolesivos ou suicídio; Sono perturbado; Apetite diminuído.

Critérios diagnósticos:
Episódio leve: 2 sintomas fundamentais + 2 sintomas acessórios
Episódio moderado: 2 sintomas fundamentais + 3 a 4 sintomas acessórios
Episódio grave: 3 sintomas fundamentais + > 4 sintomas acessórios

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Bibliografia Selecionada:

  1. Cordioli AV. Transtornos de Ansiedade. In: Duncan BB, Schmidt MI, Giugliani ERJ. Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências, 3a ed. Porto Alegre: Artmed; 2004. p. 863-84.