Qual a melhor orientação para gestantes com 38 semanas, com circular de cordão?

| 9 janeiro 2019 | ID: sofs-40605
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH:

A melhor orientação é seguir o planejamento habitual. A circular de cordão não configura fator de risco, nem indicação de cesariana eletiva. Nenhum ensaio clínico randomizado foi realizado com a finalidade de avaliar via de parto na presença de circular cervical, com uma ou mais alças, até porque a acurácia da ultrassonografia para predição de circular é baixa.


A constante movimentação fetal pode levar a que se façam e desfaçam circulares até o momento do parto. Circulares cervicais estão presentes em 20 a 37% dos bebês ao nascimento. Sugere-se que a presença de circulares seja um evento randômico com maior frequência na gestação tardia, como parte da vida intrauterina que raramente se associa com morbimortalidade perinatal.
Estudos observacionais têm demonstrado que uma única circular durante o trabalho de parto não se associa com piora do prognóstico perinatal. Em um estudo com 11.748 mulheres, a taxa de circulares ao nascimento foi de 33,7% a termo e 35,1% pós-termo. Desacelerações intraparto foram mais frequentes na presença de circular de cordão, e eliminação de mecônio foi aumentada apenas nos casos de gestações pós-termo com múltiplas circulares. Alterações de gasimetria foram mais frequentes em bebês com circular de cordão, porém, não houve aumento dos escores de Apgar menores que sete nem das admissões em UTI neonatal. Os autores concluem afirmando que a presença de circular cervical não influencia o manejo clínico nem o prognóstico perinatal, e que não é necessário pesquisar circular de cordão pela ultrassonografia no momento da admissão por trabalho de parto. Eventualmente, na presença de múltiplas circulares ou uma circular apertada com cordão curto, pode haver maior risco de desaceleração da frequência cardíaca fetal (FCF), eliminação de mecônio e escores de Apgar mais baixos.
Atributos da APS
* Longitudinalidade – A mortalidade materna ainda é um problema grave de saúde pública no Brasil, especialmente no Estado do Maranhão. A forma como a assistência pré-natal é oferecida interfere diretamente no desfecho desta gravidez, seja ela positivo ou negativo.Orientações sobre dieta, controle do peso, atenção a sinais ou sintomas clínicos de alerta para possíveis complicações no intercurso da gravidez são imprescindíveis para que possamos alcançar a meta brasileira de redução desta mortalidade materna. Idealmente, a assistência no pré-natal deve ser iniciada antes de 12 semanas de gestação e ela se encerra apenas após o parto, no puerpério tardio, com os cuidados na orientação de alterações fisiológicas do pós parto e na assistência à amamentação.
* Acesso – A unidade básica de saúde (UBS) deve ser a porta de entrada preferencial da gestante no sistema de saúde. É o ponto de atenção estratégico para melhor acolher suas necessidades, inclusive proporcionando um acompanhamento longitudinal e continuado, principalmente durante a gravidez.
* Coordenação de Cuidado – a equipe de saúde deve estar ciente e participar de recomendações que o paciente possa receber em ambulatórios especializados ou com outros profissionais fora do território de atuação da UBS.

Bibliografia Selecionada:

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