(SOF Arquivada) Qual a metodologia para criação de grupos antitabagismo?

| 4 agosto 2008 | ID: sofs-13279
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,
Graus da Evidência:

SOF atualizada: https://aps-repo.bvs.br/aps/qual-a-metodologia-para-criacao-de-grupos-antitabagismo-2/

Para iniciar o planejamento de um grupo antitabagismo a unidade de saúde deve ser considerada uma unidade livre de tabaco, ou seja, nenhum dos membros da equipe de saúde pode ser tabagista. Caso haja algum tabagista, ele deve ser estimulado a cessar o hábito e, nos casos em que o objetivo não for alcançado, o fumante deverá ser orientado a fumar fora da Unidade e, preferencialmente, longe dela.
Os grupos devem ter, no máximo, 12 participantes e membros de uma mesma família não devem estar no mesmo grupo para evitar as alianças entre os mesmos. Além disso, não se recomenda que sejam incluídos no grupo pacientes que não desejam cessar o tabagismo e que procuraram o grupo por exigência da família.
Os encontros devem ser semanais, com duração prevista de 1 hora e tolerância de mais 15 minutos. O ideal é que se faça o grupo no próprio horário de trabalho da unidade de saúde e, nos casos em que houver necessidade, poderá ser oferecido atestado de comparecimento ao participante.
Cada grupo deverá ter quatro encontros ao total (um por semana) e, após, inicia-se um grupo de manutenção, também semanal, que poderá contar com membros de todos os grupos prévios já realizados na unidade. O grupo contará com um coordenador e um assistente (não se recomenda que tenham mais membros da equipe que participantes nas reuniões) e é permitida apenas uma falta durante os quatro encontros. No primeiro encontro deve ficar claro que o horário deverá ser rigorosamente cumprido tanto pelos participantes quanto pela equipe, pois o comprometimento começa nesse instante.
Cada um dos participantes irá se apresentar e fazer um breve relato da sua história com tabagismo (número de cigarros fumados por dia; tempo de tabagismo; tempo de abstinência; recaídas; uso de medicamentos prévios, etc.). Nesse mesmo encontro já poderá ser aplicado o teste de Fagerström que é composto de seis questões e avalia o grau de dependência à nicotina.
Deve-se enfatizar aos participantes desde o início que não será prescrita medicação durante os quatro primeiros encontros e que caso isso seja necessário será realizada uma consulta médica individual ao final do quarto encontro. Além disso, os malefícios do tabaco, meia vida da nicotina e outros dados sobre o cigarro devem ser explicados, de preferência com auxílio de lâminas a fim de se obter melhor resposta com a memória visual.
Cada um dos participantes deverá escolher a forma como quer cessar o tabagismo: abrupta ou redução gradual do número de cigarros, porém o dia oficial da interrupção já deve ser anotado pelo coordenador do grupo.
Deve ser feita uma descrição dos cinco estágios de mudança comportamental: fase pré-contemplativa, fase contemplativa, preparação para ação, ação e manutenção.
A partir de então os outros três encontros consistem basicamente em trabalhar cada uma das fases, os benefícios da cessação do hábito de fumar, cada um dos participantes deverá ser orientado a fazer uma balança dos dados positivos e negativos do hábito de fumar e uma lista de sensações durante a semana. As tarefas devem ser rigorosamente cobradas. Devem-se fornecer dicas para evitar a fissura e recaídas. No início de cada reunião cada um dos participantes deverá falar brevemente sobre sua semana, dificuldades e sucesso.
Em virtude das dificuldades no abandono ao tabagismo não deveremos nos surpreender se após o primeiro encontro houver muitas desistências.
Sugerimos como leitura complementar o Consenso de tabagismo (D) e os sites abaixo citados a fim de que o coordenador do grupo esteja cientificamente embasado e apresente segurança e domínio dos temas abordados.


Bibliografia Selecionada:

  1. Viegas CAA. Diretrizes para Cessação do Tabagismo. J bras pneumol. 2004;30(supl.2):S3-76. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-37132004000800002
  2. Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Programa nacional de controle do tabagismo e outros fatores de risco de câncer. modelo lógico e avaliação. 2a ed. Rio de Janeiro. INCA; 2003.