Qual conduta em pacientes com resultado de citopatológico do cólo uterino evidenciando presença de Torulupsis na microbiologia?

| 10 maio 2010 | ID: sofs-4331
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,
Graus da Evidência:

O Torulupsis glabrata é um fungo, mais comumente conhecido como Candida glabrata, responsável por causar candidíase nos seres humanos. Este fungo é normalmente encontrado em peles saudáveis, no sistema respiratório, no sistema genitourinário e gastrointestinal das pessoas. Ele somente torna-se um problema de saúde em pessoas debilitadas ou imunocomprometidas.
Os sintomas são importantes para determinar se existe uma infecção, e qual a severidade desta, caso exista.
A candidíase vulvovaginal está relacionada ao aumento deste fungo na vulva e vagina, podendo causar prurido vaginal intenso, leucorréia com grumos esbranquiçados, assim como dispareunia terminal.
Estima-se que a candidíase vulvovaginal seja a segunda maior causa de vaginites depois das vaginoses bacterianas.
A maior parte da literatura específica atual demonstra que entre 85 e 90% da flora fúngica vaginal é constituída por Candida albicans. O restante é atribuído a outras espécies, sendo mais comuns a Candida glabrata (9 a 15%) e a Candida tropicalis (até 15% dos casos). Essas espécies também são causadoras de vulvovaginites e não devem ser ignoradas, pois frequentemente são mais resistentes à terapia convencional. (Grau D).
São fatores de risco: gestação, diabetes mellitus e o uso de antibióticos sistêmicos. A incidência desta patologia aumenta com o início da atividade sexual, mas não existe uma associação clara com diferentes tipos de contraceptivos.
A candidíase vulvovaginal pode ser classificada em complicada ou não-complicada e ainda pode ser assintomática ou sintomática com graus diferentes de severidade (leve, moderada e severa).
O fármaco utilizado para o tratamento e a duração do tratamento deverá ser baseado no quadro clínico da candidíase vulvovaginal. O tratamento pode variar desde uso oral (dose única, 5 dias ou 7 dias) ou tópico de 3 a 14 dias, dependendo do fármaco utilizado e/ou do quadro clínico apresentado.
Os tratamentos em dose única e de curta duração (até 7 dias) – fluconazol, cetoconazol, itraconazol – devem ser reservados para casos não-complicados, com intensidade leve a moderada, assim como para os episódios únicos, isolados e não-recorrentes.
Casos de candidíase severa e/ou candidíase aguda de pacientes com candidíase recorrente requerem tratamentos mais prolongados (> 7 dias). Os fármacos melhores são: clotrimazol, miconazol, fluconazol e terconazol.
Em mulheres com diabetes ou vaginite por cândida não-albicans, o tratamento tópico poderá ser prolongado para 10 a 14 dias e associar agentes por via oral. (Grau A).
As formulações tópicas fornecem um tratamento efetivo para vulvovaginite fúngica, sendo a terapia tópica com azólicos mais efetiva do que o uso de nistatina.
Considerando o caso ilustrado, apesar de não existir relato de sinais e sintomas, existindo a hipótese de se tratar de uma vulvovaginite fúngica não-albicans, o tratamento tópico poderá ser feito com clotrimazol creme 1% intravaginal (10 a 14 dias) ou miconazol creme 2% (14 dias) associado com cetoconazol 200 mg 12 /12 horas por 5-7dias ou fluconazol 150 mg dose única ou itraconazol 100 mg 12/12 horas por 1 dia. (Grau A)

 


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Bibliografia Selecionada:

  1. Naud P, et al. Vulvovaginites. In: Freitas F, et al. Rotinas em ginecologia. 5a ed. Artmed: Cap. 13. 158-167.
  2. Peter J. Sexually Transmitted Diseases. In: South-Paul J. et al. Current Diagnosis & Treatment in Family Medicine. 2th ed. McGraw-Hill Medical; 2007: Chap 14.
  3. Women’s Health. Candidiasis (vulvovaginal). In: Godlee, F. Clinical Evidence; 2007.