Qual o melhor tratamento para Gardnerella vaginalis?

| 8 abril 2022 | ID: sofs-44897
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH:

A Gardnerella vaginalis é uma bactéria que habita a região íntima feminina. Normalmente se encontra em concentrações muito baixas, não produzindo qualquer tipo de problema ou sintoma. Quando as concentrações de Gardnerella sp. aumentam, devido a fatores que possam interferir no sistema imunológico e microbiota genital (higienização incorreta, múltiplos parceiros sexuais ou lavagem genital frequente), probabilidade da mulher desenvolver uma infecção vaginal conhecida como vaginose bacteriana ou vaginite por Gardnerella sp é muito maior. Os sintomas incluem cheiro fétido, corrimento amarelado ou acinzentado, coceira ou sensação de queimação na vagina e dor durante contato íntimo, mas pode ser tratada facilmente com antibióticos(1-4). A primeira opção de tratamento recomendado inclui: Metronidazol 250mg, 2 comprimidos VO, 2x/dia, por 7 dias OU Metronidazol gel vaginal 100mg/g, um aplicador cheio via vaginal, à noite ao deitar-se, por 5 dias. A segunda opção é Clindamicina 300mg, VO, 2x/dia, por 7 dias(2).


Para a vaginose recorrente, recomenda-se Metronidazol 250mg, 2 comprimidos VO, 2x/dia, por 10-14 dias OU Metronidazol gel vaginal 100mg/g, um aplicador cheio, via vaginal, 1x/ dia, por 10 dias, seguido de tratamento supressivo com óvulo de ácido bórico intravaginal de 600mg ao dia por 21 dias e metronidazol gel vaginal 100mg/g, 2x/semana, por 4-6 meses(2). O tratamento das parcerias sexuais não está recomendado, mas quando indicado, deve ser realizado de forma preferencialmente presencial, com a devida orientação, solicitação de exames de outras IST (sífilis, HIV, hepatites B e C) e identificação, captação e tratamento de outas parcerias sexuais, buscando a cadeia de transmissão(1,2).

 

Durante o tratamento, deve-se suspender as relações sexuais e manter o tratamento durante a menstruação(1,2). Durante o tratamento com metronidazol, evitar a ingestão de álcool (efeito antabuse, devido à interação de derivados imidazólicos com álcool, caracterizado por mal-estar, náuseas, tonturas e “gosto metálico na boca”)(2).

 

Os principais benefícios do tratamento para mulheres não grávidas são alívio dos sintomas e dos sinais vaginais de infecção por Gardnerella vaginalis ou vaginose bacteriana.  Outros benefícios potenciais do tratamento incluem a redução do risco de adquirir C. trachomatis, N. gonorrhoeae, T. vaginalis, M. genitalium, HIV, HPV e HSV-2(1).

O uso de antissépticos, pré-bióticos e pró-bióticos e a reposição de lactobacilos vem sendo estudada, mas há ainda longo caminho a percorrer(1,2).

 

As recomendações enfatizam a necessidade das mulheres com vaginose bacteriana serem testadas para HIV e outras DSTs(1,2,4).

 

Quanto às gestantes, tratamento é recomendado para todas as gestantes sintomáticas, a fim de reduzir a possibilidade de desfechos adversos da gravidez, como ruptura prematura de membranas, parto prematuro e endometriose pós-parto. O tratamento em gestantes e lactantes deve ser feito somente por via vaginal. O tratamento oral e o uso de triazóis está contraindicado(2,3).

 

A vaginose bacteriana ocorre com maior frequência entre as mulheres com HIV e devem receber o mesmo regime de tratamento que aquelas que não têm HIV(1,2,4).

Bibliografia Selecionada:

1. Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, Johnston CM, Muzny CA, Park I, Reno H, Zenilman JM, Bolan GA. Sexually Transmitted Infections Treatment Guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. 2021 Jul 23;70(4):1–187. Disponível em: https://www.cdc.gov/std/treatment-guidelines/STI-Guidelines-2021.pdf

2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). Brasília – DF. 2020:248p. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2015/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-atencao-integral-pessoas-com-infeccoes

3. Carvalho NSD, Eleutério Júnior J, Travassos AG, Santana LB, Miranda AE. Protocolo Brasileiro para Infecções Sexualmente Transmissíveis 2020: infecções que causam corrimento vaginal. Epidemiol. Serv. Saúde 2021; 30(Esp. 1):e2020593. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ress/a/X9WkLLZRBbcW3mFwbRYBHXD/

4. Paladine HL, Desai UA. Vaginitis: diagnosis and treatment. Am Fam Physician. 2018;97(5): 321-329. Disponível em: https://www.aafp.org/afp/2018/0301/p321.html