Qual o tratamento de primeira linha para hipertensão?

| 7 abril 2022 | ID: sofs-44915
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: ,

O tratamento está relacionado com o estágio da hipertensão arterial (HA) e os fatores de risco cardiovascular presentes no momento do diagnóstico, de acordo com mecanismos de ação e sinergia e com nível de evidência comprovada para diminuição do risco cardiovascular (RCV). São as seguintes classes farmacológicas: Diuréticos Tiazídicos, Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina (ECA), Bloqueadores dos Canais de Cálcio e Bloqueadores dos Receptores da Angiotensina (BRA).

A Diretriz Brasileira de HA de 2020 estabelece que para o tratamento do paciente hipertenso é necessário obter o controle pressórico alcançando a meta de pressão arterial (PA) previamente estabelecida. Tal meta deve ser definida individualmente, sempre considerando a idade e a presença de doença cardiovascular (DCV) ou de seus fatores de risco. De forma geral, deve-se reduzir a PA visando a alcançar valores menores que 140/90 mmHg e não inferiores a 120/70 mmHg. Nos indivíduos mais jovens e sem fatores de risco, podem-se alcançar metas mais baixas com valores inferiores a 130/80 mmHg

1.     Estágio de pré-hipertensão com RCV alto ou HA estágio 1 com RCV baixo ou moderado: iniciar tratamento com medicamento de uma das classes farmacológicas, em monoterapia,  com dose baixa e aumentar até a dose máxima recomendada. Havendo intolerância ou não atingindo a meta, associar outro medicamento da mesma classe ou tentar outra classe farmacológica.

2.     HA estágio 1, mas com RCV alto e os estágios 2 ou 3: iniciar tratamento com associação entre duas classes farmacológicas, em doses baixas. Se necessário aumentar as doses, ou incluir uma terceira classe de medicamento. Em caso de insucesso trocar a combinação ou incluir medicamento de outras classes farmacológicas.

O tratamento não medicamentoso da HA sempre deve ser utilizado e envolve controle ponderal, medidas nutricionais, prática de atividades físicas, cessação do tabagismo e controle de estresse. É recomendado fazer, no mínimo, 30 minutos/dia de atividade física moderada, de forma contínua (1 x 30 minutos) ou acumulada (2 x 15 minutos ou 3 x 10 minutos) em 5 a 7 dias da semana. Alimentação com aumento de fibras, como frutas, legumes e verduras, diminuição das gorduras, principalmente as saturadas e diminuição da ingesta de sódio.


A classificação da PA varia de ótima até Hipertensão Estágio 3, conforme segue abaixo, em mm de Hg:Quando a PAS e a PAD situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser utilizada para classificação da HA.

Considera-se hipertensão sistólica isolada se PAS ≥ 140 mmHg e PAD < 90 mmHg, devendo estar classificada em estágios 1, 2 ou 3, segundo níveis pressóricos acima.

 

Os fatores de risco para doença cardiovascular (DCV), são levados em conta para definir o tratamento inicial e as mudanças, quando necessárias. São considerados fatores de risco:

diabetes, história de  acidente vascular encefálico; doença arterial coronariana;  insuficiência cardíaca; doença arterial periférica; presença de placa ou espessamento da parede carotídea; doença renal crônica; relação albumina/creatinina urinária > 30 mg/gr ; lesão de órgão-alvo (como retinopatia hipertensiva, etc); hipertrofia ventricular esquerda; velocidade da onda de pulso > que 10 m/s; sexo masculino, idade > 55 anos (homem) ou > 65 anos (mulher), tabagismo, dislipidemia , obesidade e resistência à insulina.

 

Quadro 1 – Estratificação de Risco Cardiovascular – RCV, no paciente hipertenso de acordo com fatores de risco adicionais, presença de lesão em órgão alvo e de doença cardiovascular ou renalTodos os medicamentos anti-hipertensivos disponíveis podem ser utilizados desde que sejam observadas as indicações e contraindicações específicas. A preferência inicial será sempre por aqueles em que haja comprovação de diminuição de eventos cardiovasculares, ficando os demais reservados a casos especiais em que haja a necessidade da associação de múltiplos medicamentos para que sejam atingidas as metas da PA.

Bibliografia Selecionada:

1. Barroso WKS, Rodrigues CIS, Bortolotto LA, Mota-Gomes MA, Brandão AA, Feitosa ADM, et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020. [Acesso em 31/03/2022]. Arq Bras Cardiol. 2021;116(3):516-658. Disponível em: http://departamentos.cardiol.br/sbc-dha/profissional/pdf/Diretriz-HAS-2020.pdf

2. Malachias MVB, et al. 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. [Acesso em 22/02/2022]. Arq. Bras. Cardiol. 2016;107(3)Supl3:83p.  Disponível em:  https://nutritotal.com.br/pro/wp-content/uploads/sites/3/2016/10/7-Diretriz-Brasileira-de-Hipertensao-Arterial.pdf

3. Mansia G, De Backer G, Dominiczak A, Cifkova R, Fagard R, Germano G, Grassi G, Heagerty AM, Kjeldsen SE, Laurent S, Narkiewicz K, Ruilope L, Rynkiewicz A, Schmieder RE, Struijker Boudier HA, Zanchetti A; European Society of Hypertension; European Society of Cardiology. 2007 ESH-ESC Guidelines for the management of arterial hypertension: the task force for the management of arterial hypertension of the European Society of Hypertension (ESH) and of the European Society of Cardiology (ESC). [Acesso em 01/03/2022]. Blood Press. 2007;16(3):135-232. Disponível em:  https://www.tandfonline.com/doi/pdf/10.1080/08037050701461084?needAccess=true