Qual o tratamento farmacológico de primeira escolha para pacientes portadoras da Síndrome dos Ovários Policísticos com alterações dermatológicas (acne e hirsutismo)?

| 4 setembro 2019 | ID: sofs-42712
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH: , ,

O anticoncepcional hormonal oral (ACHO) é o tratamento farmacológico de primeira escolha para pacientes com Síndrome de Ovário Policístico (SOP) com alterações dermatológicas (acne e hirsutismo), dependendo da gravidade e do objetivo do tratamento.(1,2,3,4)

Quanto à escolha do tipo de ACHO, sugere-se ACHO contendo 20mcg de etinilestradiol associado com qualquer tipo de progestogêno. Tal recomendação considera a equivalência de benefícios dos diferentes progestógenos como antagonistas do receptor de andrógenos(1,3). Entretanto, ressalta-se que os ACHOs podem aumentar o risco de hipercoagulabilidade e trombogenia, exigindo cautela em pacientes com história de doenças vasculares.(2)


O uso do ACHO deve ser contínuo, enquanto a paciente não deseja engravidar, usualmente até 5 anos após a menarca, para normalizar os níveis de androgênios(1). O efeito clínico da supressão androgênica pode ser visto em até 3 meses para acne e em 6 a 9 meses para hirsutismo. Deve-se avaliar a efetividade clínica, incluindo-se a regularização dos ciclos menstruais nos primeiros meses de tratamento, diminuição da quantidade, textura e distribuição de pelos, melhora ou resolução da acne e os níveis de androgênios, após pelo menos 6 a 12 anos meses de tratamento.(1)

Complementação:

A SOP é uma endocrinopatia que acomete de 4 a 21% das mulheres em idade reprodutiva, se caracteriza por alterações hiperandrogênicas e reprodutivas(4). As principais manifestações incluem anovulação crônica (irregularidade menstrual ou amenorreia, LH elevados e os níveis de FSH normais ou baixos e infertilidade) e hiperandrogenismo (hirsutismo, acne, alopecia e seborreia e acantose nigricans).(1,3)

Para todas as pacientes com SOP, a modificação do estilo de vida deve preceder e/ou acompanhar o tratamento farmacológico, incluindo medidas: cessação do tabagismo e do uso abusivo de álcool, prática de atividade física regular e alimentação saudável. A perda de 5% do peso corporal reduz a resistência à insulina, os níveis de testosteronas e os fatores de risco cardiovasculares(3,4). Também, sugere-se cogitar tratamento cosmético do hirsutismo e a remoção temporária dos pelos (seja por depilação, arranchamento, barbeamento ou clareamento).(1)

Bibliografia Selecionada:

  1. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Síndrome dos Ovários Policísticos. Fev. 2019:171p. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Consultas/2019/Relatorio_PCDT_SindromeOvariosPolicisticos_CP05_2019.pdf
  2. Moura HHG, Costa DLM, Bagatin E, Sodré CT, Manela-Azulay M. Síndrome do ovário policístico: abordagem dermatológica. An. Bras. Dermatol. 2011;86(1):111-119. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0365-05962011000100015&lng=pt&nrm=iso
  3. Dynamed. Polycystic ovary syndrome. 2019. Disponível em: http://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&db=dme&AN=116286&lang=pt-br&site=dynamed-live&scope=site
  4. Gainder S, Sharma B. Update on management of polycystic ovarian syndrome for dermatologists. Indian Dermatol Online J. 2019;10(2):97-105. Disponível em: http://www.idoj.in/article.asp?issn=2229-5178;year=2019;volume=10;issue=2;spage=97;epage=105;aulast=Gainder