Qual o tratamento para doença do refluxo gastroesofágico?

| 27 outubro 2010 | ID: sofs-5203
Solicitante:
CIAP2:
DeCS/MeSH:
Graus da Evidência:

ESOFAGITE E DOENÇA DO REFLUXO – A principal causa de esofagite é a Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE). A DRGE é uma doença crônica – a recorrência de sintomas com a interrupção do tratamento chega a 80%. A presença de esofagite à endoscopia pode predispor ao surgimento de estreitamento esofágico ou esôfago de Barrett.

TRATAMENTO INICIAL – Uma revisão sistemática e quatro ensaios clínicos randomizados (ECRs) adicionais levam à conclusão de que há evidência de que os inibidores da bomba de prótons (IBPs) aumentam a cicatrização de esofagite na comparação com o placebo e com antagonistas de receptor H2. (GRAU A). Assim, um tratamento de 1 mês com IBP em dose plena, como o omeprazol, 20mg em jejum, deve ser prescrito a todas as pessoas com esofagite comprovada endoscopicamente ou mesmo àquelas pessoas com sintomas de DRGE com endoscopia negativa.

MODIFICAÇÃO DE ESTILO DE VIDA: Além disso, alguns fatores de risco que podem afetar os sintomas de DRGE devem ser abordados, como:

As medicações do paciente devem ser revisadas, evitando o uso de fármacos que podem causar ou exacerbar os sintomas.
PERSISTÊNCIA DOS SINTOMAS: Se os sintomas persistem após 1 mês de tratamento com dose plena de IBP, mais um mês de tratamento com igual dose deve ser prescrito. No caso de sintomas persistentes ou graves, a dose de IBP pode ser dobrada (no caso do omeprazol, 40mg em jejum). Esse aumento de dose pode ser particularmente benéfico nos casos de esofagite (GRAU C e D). Se a maior dificuldade do paciente for com sintomas noturnos que não respondem ao tratamento com IBP, um antagonista de receptor H2, como ranitidina, 150mg à noite, pode ser útil a curto prazo, em cursos de no máximo duas semanas para evitar tolerância. Na ausência de resposta a um segundo mês de IBP em dose plena ou um mês de dose dobrada, deve-se considerar um teste terapêutico com um antagonista de receptor H2 ou um pró-cinético, como metoclopramida ou domperidona, ou mesmo a referência para um especialista focal para a investigação e manejo de DRGE refratária.

RECORRÊNCIA DOS SINTOMAS – Deve-se advertir a pessoa com DRGE de que os sintomas podem recorrer após a interrupção do tratamento; nesse caso, a pessoa deve retornar para avaliação. Um novo curso de tratamento com IBP em dose plena pode ser repetido, com limitação no número de prescrições. As pessoas devem ser encorajadas a manter a dose mais baixa necessária para controlar os sintomas, mas não deve ser inferior à dose plena nos seguintes casos:

SEGUIMENTO – Pessoas que recebem um curso de IBP como tratamento inicial de DRGE não necessitam de seguimento de rotina. Elas devem ser aconselhadas a retornar no caso de persistência ou recorrência dos sintomas, quando o tratamento a longo prazo deve ser discutido. Nesse caso, os sintomas e o uso de medicação devem ser revisados pelo menos anualmente.

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Bibliografia Selecionada:

  1. Clinical topic – Dyspepsia – proven gastro-oesophageal reflux disease – Management [Internet]. NHS Clinical Knowledge Summaries [cited 2010 Aug 26]. Disponível em: http://www.cks.nhs.uk/dyspepsia_proven_gord/management/detailed_answers/poor_response_to_first_line_treatment#323354004 Acesso em: 27 out 2010.
  2. Moayyedi P, Delaney B, Forman D. Gastro-oesophageal reflux disease. In: Godlee, F. Clinical Evidence, 2007.
    Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1113276/ Acesso em: 27 out 2010.