Inibidores do SGLT-2 e agonistas do receptor do GLP-1 reduzem mortes e eventos cardiovasculares em pessoas com diabetes mellitus tipo 2?

| 03 out 2021 | ID: poems-44257

Área Temática:

Questão Clinica:

Inibidores do SGLT-2 e agonistas do receptor do GLP-1 reduzem eventos cardiovasculares em pessoas com diabetes mellitus tipo 2?
Resposta Baseada em Evidência:

Em pessoas com diabetes mellitus tipo 2, ambas as classes farmacológicas reduzem tanto a mortalidade cardiovascular quanto a mortalidade total, além de reduzir a incidência de infarto agudo do miocárdio não fatal e de insuficiência renal. Agonistas do receptor do GLP-1 (glutidas, netidas) também reduzem a incidência de acidentes vasculares cerebrais não fatais, e Inibidores do SGLT-2 (glifozinas) também reduzem mortalidade e internação hospitalar por insuficiência cardíaca. A evidência para os benefícios anteriores é de alta certeza para a maioria dos grupos de pacientes, mas é de moderada certeza para as pessoas com risco cardiovascular muito baixo. Também há moderada certeza na evidência de que os inibidores do SGLT-2 reduzam a mortalidade total ainda mais do que os agonistas do receptor do GLP-1. Quanto aos eventos adversos, a inibidores do SGLT-2 aumentam infecções urinárias (evidência de alta certeza). Outros efeitos benéficos e nocivos de ambas as classes tiveram um nível baixo ou muito baixo de certeza. A magnitude dos efeitos conforme o risco cardiovascular basal pode der conferida em: https://magicevidence.org/match-it/200820dist/#!/

Alertas:

Contexto:

Esta foi uma revisão sistemática 1 com meta-análise em rede, incluindo ambas e outras classes farmacológicas bem como placebo e prática usual. Foram incluídos 764 ensaios clínicos, com um total de 421 mil pacientes. Em sua maioria, os ensaios clínicos com inibidores de SGLT-2 e agonistas do receptor do GLP-1 estudaram esses medicamentos em adição a um tratamento não randomizado, que podia ser ajustado a critério clínico. A ênfase foi nos efeitos relevantes para as pessoas com diabetes; a diminuição da hemoglobina glicada foi um desfecho secundário. As diferenças de risco absoluto foram calculadas a partir de riscos estimados pelo algoritmo RECODe, cuja calculadora está disponível em: https://sanjaybasu.shinyapps.io/recode/

Essa revisão sistemática serviu de base para uma recomendação 2 feita por um painel variado, incluindo profissionais de atenção primária e pacientes, entre outros grupos. O grupo fez uma recomendação fraca contra ambas as classes em pessoas com diabetes e até três fatores de risco cardiovascular; recomendação fraca contra agonistas do receptor do GLP-1 e a favor de inibidores de SGLT-2 para pessoas com múltiplos fatores de risco; recomendação fraca a favor de ambas as classes para pessoas com doença cardiovascular ou doença renal crônica; recomendação forte a favor de inibidores de SGLT-2 e fraca a favor de agonistas do receptor de GLP-1 para pessoas que tenham tanto doença cardiovascular quanto doença renal crônica; e uma recomendação fraca a favor de inibidores de SGLT-2 em vez de agonistas do receptor do GLP-1 para pessoas que queiram diminuir mais ainda seu risco cardiovascular. A recomendação não considerou a custo-efetividade nem a disponibilidade de recursos.

Referencia

Palmer SC, Tendal B, Mustafa RA, Vandvik PO, Li S, Hao Q, et al. Sodium-glucose cotransporter protein-2 (SGLT-2) inhibitors and glucagon-like peptide-1 (GLP-1) receptor agonists for type 2 diabetes: systematic review and network meta-analysis of randomised controlled trials. BMJ. 2021; 372:m4573. Disponível em: https://doi.org/10.1136/bmj.n1091

Outros estudos:

Li S, Vandvik PO, Lytvyn L, Guyatt GH, Palmer SC, Rodriguez-Gutierrez R, et al. SGLT-2 inhibitors or GLP-1 receptor agonists for adults with type 2 diabetes: a clinical practice guideline. BMJ. 2021;373:n1091. Disponível em: https://doi.org/10.1136/bmj.n1091

Comentários:

Através de sua portaria nº 16, de 29 de abril de 2020, a Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE) do Ministério da Saúde decidiu incorporar a dapagliflozina para o tratamento de diabetes mellitus tipo 2 no Sistema Único de Saúde (SUS). A decisão foi tomada com base em relatório de recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia ao SUS (CONITEC) que recomendou o medicamento para pessoas “com diabetes mellitus tipo 2, com idade igual ou superior a 65 anos e doença cardiovascular estabelecida […] que não conseguiram controle adequado em tratamento otimizado com metformina e sulfonilureia”.

Data de acesso:

Endereço:

https://doi.org/10.1136/bmj.n1091

Número, Data e Autoria:

Leonardo Fontenelli, setembro 2021