O modelo de atenção centrada na pessoa não promoveu melhora na qualidade de vida das pessoas com multimorbidade

| 01 out 2021 | ID: poems-44082

Área Temática:

Questão Clinica:

O modelo centrado no paciente é mais eficaz do que o cuidado usual para o desfecho de melhoria na qualidade de vida de pacientes com múltiplos problemas crônicos?
Resposta Baseada em Evidência:

Nesse estudo randomizado, o modelo de tratamento centrado no paciente não foi melhor do que o modelo usual na melhoria do escore de qualidade de vida.

Alertas:

Além de não ser verificada melhora na qualidade de vida, não foi verificada a redução da carga de doença ou a redução da carga de tratamento (nível de evidência 2b).

Contexto:

O cuidado centrado no paciente, especialmente entre pacientes com múltiplas doenças crônicas, representa um importante modelo, entretanto tem-se receio em avaliá-la de forma negativa. Entretanto, a hipótese de que o atendimento centrado no paciente melhora os desfechos é, em grande parte, não estudada. Foi realizado um ensaio clínico randomizado utilizando 33 centros de cuidados primários na Inglaterra e Escócia, de onde foram selecionados os pacientes que possuíam pelo menos 3 condições médicas principais (por exemplo, DPOC, diabetes, depressão, demência, doença cardiovascular). Esses pacientes foram randomizados para receber cuidados usuais (749 pacientes) ou para receber vistas semestrais com enfoque na saúde, depressão e medicações. A intervenção também incluiu várias abordagens para melhorar a continuidade dos cuidados: aumento da duração da visita, atendimento em equipe e incentivos financeiros. Como desfecho foi avaliada a alteração no escore EQ-5D-5L, que avalia qualidade de vida, entendendo ser este teste mais adequado para se avaliar benefícios do método centrado na pessoa. Embora os participantes do estudo e o corpo docente não estivessem mascarados, os analistas dos dados foram cegados para a intervenção. Com 15 meses de evolução, os autores não observaram diferença na qualidade de vida entre os dois grupos. Além disso, eles não encontraram diferença na carga de doença ou na carga de tratamento, apesar do aumento significativo nas medidas de atendimento centrado no paciente. Não está claro como os aspectos únicos das práticas de atenção primária na Inglaterra e Escócia limitaram a capacidade de observar diferenças mensuráveis nos resultados.

Referencia

Salisbury C, Man M-S, Bower P, et al. Management of multimorbidity using a patient-centered care model: a pragmatic cluster-randomized trial of the 3D approach. Lancet 2018;392(10141):41-50. Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(18)31308-4/fulltext

Comentários:

Apesar de não ter sido identificada diferença estatística significativa entre os grupos deste trabalho na melhoria da qualidade de vida, o cuidado centrado na pessoa segue sendo umas das bases da APS.

Data de acesso:

Endereço:

https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(18)31308-4/fulltext

Número, Data e Autoria:

Luciano N. Duro, dezembro 2019