Como estabelecer o diagnóstico clínico em pacientes com tosse?
Publication year: 2023
Uma grande variedade de doenças pode ser responsável por quadros de tosse. Portanto, a diferenciação inicial entre tosse aguda, menos de 3 semanas, subaguda, entre 3 a 8 semanas e crônica, acima de 8 semanas de duração, é importante no estabelecimento das principais possibilidades diagnósticas a serem abordadas. Os casos de tosse aguda geralmente são causados por infecções das vias aéreas superiores principalmente a rinossinusite viral ou resfriado comum. Outras causas são as sinusites bacterianas, pneumonia, exacerbação de quadro alérgico, de asma, ou de doença pulmonar obstrutiva crônica. A tosse subaguda geralmente resulta de uma infecção respiratória que permanece com sintoma que dura mais do que 3 semanas e pode ser originada por causas virais e bacterianas, semelhante a fase aguda, ou ocasionalmente após infecções por Bordetella pertussis, Mycoplasma pneumoniae e Chlamydia pneumoniae. A tosse em geral é autolimitada e resolve-se em poucas semanas. Uma vez afastada a etiologia pós infecciosa, a atenção deve se voltar para a asma, síndrome das vias aéreas superiores, doença do refluxo gastroesofágico, bronquite eosinofílica e doenças bronco pulmonares evidenciadas pela história clínica, exame físico e/ou exames de imagem. A tosse crônica, de mais de 8 semanas é consequente, em grande parte dos casos, a um ou mais dos componentes da tríade sintomática composta por: síndrome das vias aéreas superiores (gotejamento pós-nasal), asma e refluxo gastroesofágico. Pode ser unicausal, ou uma associação destas causas. De acordo com os resultados de estudos prospectivos, a tosse crônica está relacionada em torno de 90% das vezes a um dos fatores da tríade sintomática, em pacientes não tabagistas, não usuários de inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA) e com radiografia de tórax normal. Na presença de tabagismo, a investigação diagnóstica inclui a DPOC/bronquite crônica e neoplasias do trato respiratório. A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) baseia-se na simultaneidade de exposição ambiental (fumaça do cigarro é o principal agente) e sintomas respiratórios sendo a tosse o mais frequente. Um dos principais motivos que levam um paciente com DPOC ao médico é a tosse crônica, permitindo então o diagnóstico da doença. Outras causas também relatadas são a bronquite eosinofílica, bronquiectasias, uso de medicamentos, doenças do parênquima pulmonar, doenças cardiovasculares, corpos estranhos de vias aéreas e colapso traqueobrônquico. A tuberculose, como uma infecção específica, deve ser considerada em todos os pacientes com queixa de tosse em áreas endêmicas e em populações de alto risco, independentemente da duração da tosse, mesmo que radiografia de tórax seja normal.